"Eu penso que Portugal pode dominar qualquer área do conhecimento porque tem uma capacidade e um talento ao nível do que melhor se faz no mundo", afirmou António Dias Martins, na quinta-feira, último dia da conferência Collision, organizada pela Web Summit, em Toronto.
"O que estas empresas digitais e de base digital vêm trazer é uma capacidade de concorrer diretamente de uma forma muito rápida e fácil com qualquer outro operador em qualquer parte do mundo", acrescentou.
A Startup Portugal esteve representada no evento com uma delegação de 13 startups, sendo que quatro delas utilizam inteligência artificial nos modelos de negócios.
Para o diretor executivo da organização, neste momento, o ser Portugal ou de outra geografia do mundo "já não é relevante".
"O importante é a substância, a qualidade daquilo que se propõe, a capacidade de empreender, isso reconhecidamente temo-lo ao nível do melhor que se faz no mundo", declarou.
Esta é também uma altura em que Portugal "nunca esteve tão bem no empreendedorismo", conseguindo, em 2021, atrair 1,5 mil milhões de euros de investidores de capital de risco, maioritariamente internacionais, para as startups portuguesas, quando há oito anos, conseguiu apenas atrair cerca de 30 a 50 milhões.
Apesar dos avanços, Portugal ainda tem "desafios pela frente", sendo importante ter em atenção a legislação e burocracia, não esquecendo o "regime fiscal", notou.
"Temos tido evoluções relevantes nesta matéria, a nova lei das startups foi promulgada há um mês e vem definir o conceito de startup e de [empresa] 'scaleup' legal, o que permite direcionar para este tipo de empresas novos apoios e políticas públicas que anteriormente não era possível, porque não havia esse enquadramento legal", realçou.
Por outro lado, estas novas medidas permitem criar um novo regime fiscal dos planos de 'stock options' [compra de ações da empresa] com uma taxação de apenas 14% efetiva aplicada no momento da liquidez, acrescentou.
Para António Dias Martins, estes são passos "muito importantes para criar condições para que os empreendedores olhem para Portugal, quer os portugueses, quer os estrangeiros, como um ambiente amigável, para lançarem e fazerem escalar os seus projetos".
"Isto acontece na inteligência artificial, mas também em muitas outras áreas de atuação. Há startups em todos os domínios, na agricultura, no turismo, nos serviços, no ensino", destacou.
A Startup Portugal tem o objetivo de "criar condições" para que Portugal consiga concorrer com os países de referência ao nível mundial no que diz respeito ao apoio e ao ambiente que proporcionam para os empreendedores fazerem lançar e crescer os seus negócios.
"Temos que nos comparar com os outros, porque neste momento no mundo inteiro, estes empresários das novas gerações e do mundo digital, escolhem os locais onde querem estar também por estes argumentos que os países apresentam e pelas condições que lhes proporcionam para desenvolveram a sua atividade. Não podemos ficar para trás", alertou.
Esta foi a terceira vez que a Startup Portugal participou na conferência, em Toronto, num mercado norte-americano encarado pela delegação de 13 startups com "seriedade e atenção".
De recordar que esta delegação "bastante diversificada", no seu conjunto, já atraiu cerca de 40 milhões de euros de investimento de venture capital, representando no total, cerca de 340 postos de trabalho.
A conferência Collision deverá voltar a Toronto no próximo ano.
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