Ao meio-dia, o serviço deixou de estar acessível, com as novas mensagens a não carregarem, constatou a AFP em Bagdade. No entanto, o acesso ao Telegram foi possível utilizando uma VPN (rede privada virtual).
O Ministério das Telecomunicações iraquiano justificou a suspensão invocando "diretivas de autoridades superiores relacionadas com a segurança nacional".
Segundo o Ministério, em causa está também a "proteção dos dados pessoais dos cidadãos, [que são] violados pela aplicação".
O Governo iraquiano diz que pediu por diversas vezes ao Telegram para resolver o problema da "fuga de dados de instituições estatais e de pessoas, [que] constitui uma ameaça para a segurança nacional e a paz social", mas a empresa "não respondeu".
O Telegram é bastante popular no Iraque. A aplicação é utilizada como plataforma de propaganda pelos grupos ligados a fações armadas e partidos políticos pró-iranianos.
Um desses grupos protestou contra a suspensão do serviço, afirmando que se tratava de uma "ordem de amordaçamento". O grupo, que conta com mais de 330 mil subscritores, reclama também a "privação das liberdades" por parte do Governo iraquiano.
Depois de quatro décadas de conflito, o Iraque recuperou uma relativa estabilidade, mas as autoridades são regularmente criticadas por ONG e ativistas devido a violações da liberdade de expressão.
No mês passado, a Amnistia Internacional manifestou-se alarmada com o facto de o Governo iraquiano estar a planear apresentar ao Parlamento dois projetos de lei que, se aprovados, vão "restringir gravemente os direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica".
A ONG considerou ainda que a apresentação destes projetos aos representantes eleitos "coincide com uma série de julgamentos de pessoas que criticam membros do Governo".
O Telegram já foi bloqueado noutros países. Em abril, o serviço de mensagens foi suspenso no Brasil por não ter fornecido dados sobre grupos neonazis ativos na aplicação. A medida foi anulada em recurso dois dias depois.
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