Web Summit: IA pode "perturbar positivamente" Educação

Especialistas em tecnologia educacional defenderam hoje que a Inteligência Artificial (IA) "pode perturbar positivamente a Educação", considerando o ChatGPT "um ótimo apoio para os professores" que pode levar os alunos a tornarem-se melhores aprendizes.

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Lusa
15/11/2023 16:18 ‧ 15/11/2023 por Lusa

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Inteligência Artificial

"Uma das coisas que mais me entusiasma na IA é pensar nela como um parceiro de pensamento e como uma forma de ajudar qualquer pessoa. Isso é transversal a todo o espetro, tanto no ensino básico como secundário, e também nos adultos. Há uma série de aprendizagens possíveis", salientou o presidente executivo (CEO) da tecnológica Mindstone, Joshua Wöhle.

Falando hoje na Web Summit, que decorre em Lisboa entre segunda e quinta-feira, num painel que juntou ainda as especialistas Divya Gokulnath e Tara Chklovski, o empresário lembrou que "não existe um nível de tecnologia adequado para todos".

"Penso que há um equilíbrio individual entre o que funciona para cada pessoa e o que é necessário para pensar nestas experiências. Começar com o problema em primeiro lugar é algo que não devemos perder de vista, porque é muito fácil colocar a IA no problema (...). Muita tecnologia educativa está a fazer isso neste momento. Penso que isso é um erro. É preciso trabalhar no sentido inverso, ou seja, como é que preparamos os estudantes para enfrentarem os problemas complexos que lhes estamos a colocar agora, quais são as competências necessárias para o fazer e, depois, onde é que a IA pode amplificar isso", salientou.

Já Divya Gokulnath, cofundadora da empresa Byju, disse que tem visto ao longo dos anos uma "perturbação positiva" da IA na educação, contestando a ideia de que a tecnologia "é mais inteligente do que um professor".

"No máximo, a IA é um ótimo apoio para um professor. E a razão para isso é que o assistente de IA pode retirar tarefas mundanas que um professor está a fazer, para que um professor se possa concentrar no pensamento crítico, no raciocínio, na aplicação, para que a criança possa chamar a atenção do que necessita para se tornar um aluno ainda melhor", adiantou.

Para Divya Gokulnath, a IA é "a camada que torna a aprendizagem mais eficaz", no sentido de perceber o quão rápido o aluno aprende.

"Para nós, o conteúdo é a noiva e a tecnologia é a dama de honor. Assim, o herói e a heroína da história continuam a ter sempre um ótimo conteúdo. O potencial é imenso", sublinhou.

A fundadora e CEO da Technovation, Tara Chklovski, indicou haver duas formas de pensar sobre a IA na Educação, manifestando-se preocupada com o facto de grande parte da discussão em torno da utilização da tecnologia "se centrar na base de ensino mais fácil e mais baixa".

"Uma delas é, naturalmente, o facto de a própria IA interagir com as crianças para as ensinar melhor e a outra -- que me interessa mais -- é a qualificação da IA. (...) Devíamos pensar em como podemos utilizar este tipo de tecnologias poderosas para ensinar as crianças a resolver os problemas complexos que o mundo tem atualmente", referiu.

De acordo com Tara Chklovski, o papel do ser humano vai passar a ser o de um motivador, como motivar os outros a fazer coisas difíceis, a trabalhar em equipa e a ter empatia com o outro.

"Este tipo de tecnologias poderosas pode ser capaz de nos informar melhor para que possamos inovar mais rapidamente. (...) A IA pode ser parte da solução, porque é muito mais personalizada e pode contextualizar as coisas para as tornar relevantes para cada pessoa", afirmou.

Ainda assim, Joshua Wöhle assinalou que a IA não proporciona "uma experiência de aprendizagem perfeita, personalizada e fantástica".

"O mundo não é assim. Aprendemos com algumas das maiores experiências de aprendizagem em que somos desafiados ou quando algo é desconfortável. Preocupa-me a possibilidade de um algoritmo apresentar uma experiência de aprendizagem perfeita. A parte que me entusiasma (...) é conseguirmos contextualizar o que alguém está a aprender de forma a que essa pessoa que está a aprender consiga estabelecer mais ligações entre o que está a aprender e o que já sabe. Está provado que isso acelera a experiência de aprendizagem", disse.

Os empresários tecnológicos recordaram que "as escolas são as organizações mais lentas em todos os países" e que os professores terão de se adaptar à tecnologia, porque os alunos "não têm medo da IA".

"Há muita pressão a favor da proibição do ChatGPT nas escolas, mas não se pode parar isso durante muito tempo. Dentro de uma década ou mais, haverá mudanças muito significativas na foram como os professores são formados. Penso que os papéis vão mudar de forma muito dramática. Todas as competências que pensávamos serem exclusivamente humanas, como a criatividade artística, a pintura, a escrita, e que pensávamos serem intocáveis já não o são. Talvez as escolas sejam lentas, mas a tecnologia não", concluiu Tara Chklovski.

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