Nas últimas décadas temos assistido a um crescimento assinalável da indústria de videojogos que, com um número cada vez maior de jogadores, se tem tornado cada vez mais ambiciosa no tipo de experiências que proporciona.
Infelizmente, este crescimento não se tem traduzido exatamente numa adaptação às necessidades de todas as pessoas. Que o diga a comunidade de pessoas com deficiência e que tem nos comandos convencionais - sejam eles os convencionais de consolas ou teclado e rato - obstáculos a este tipo de entretenimento.
Felizmente este é um obstáculo que teve recentemente uma resposta da PlayStation por via de um comando - de nome PlayStation Access criado para a PlayStation 5.
O PlayStation Access foi lançado na última quinta-feira, dia 14, e já está disponível tanto nos pontos de venda habituais, como na loja virtual PlayStation Direct pelo preço de 89,99 euros. A versatilidade e a capacidade de personalização e de adaptação do PlayStation Access estão entre os elementos mais elogiados pelos jogadores, com a PlayStation a ter tido o cuidado de desenvolver o Access com ‘feedback’ da comunidade de pessoas com deficiência.
© PlayStation
Além de ser possível alterar a orientação do comando, é possível trocar todos os botões (e manípulo analógico) por alternativas mais adequadas à realidade de cada um. O PlayStation Access pode ser facilmente unido a superfícies (incluindo de cadeiras de rodas), usado em conjunto com outros comandos ou acessórios e cada um dos botões é unido por via de ímanes com bloqueadores.
O objetivo é que cada um consiga facilmente personalizar o PlayStation Access às suas necessidades específicas, tornando-o uma verdadeira ‘porta de entrada’ para quem, até aqui, sempre se viu impedido de desfrutar de videojogos.
Uma dessas pessoas é o Pedro Teixeira, com que o Notícias ao Minuto teve a oportunidade de conversar durante um apresentação da PlayStation no Saldanha, em Lisboa.
“Chamo-me Pedro Teixeira, tenho uma paralisia cerebral que afeta a coordenação e a parte motora. Devido a essa condição de vida nunca consegui jogar. Sempre houve uma resistência por causa dos comandos, devido à sua forma que não é ideal”, contou ao Notícias ao Minuto.
Pedro diz que “não é de todo um jogador” mas afirma que, graças ao PlayStation Access, consegue finalmente ter alguma vontade de jogar.
“Pela primeira vez na vida, vejo-me a jogar mais no futuro”, conta Pedro Teixeira. “Também já tentei jogar no computador, mas pela primeira vez senti que a minha dificuldade está em ser um iniciante [nos videojogos] e não nas minhas características. Sinto que o comando me compreende. O facto de vir em branco - literalmente em branco - e de o podermos configurar e modular às nossas características é muito bom”.
Pedro acredita que, tal como aconteceu no seu caso específico, o PlayStation Access poderá servir como ‘porta de entrada’ para mais pessoas da comunidade no mundo dos videojogos. “Sinto que é um comando que vai atingir muitas pessoas com deficiência”, diz, notando ao mesmo tempo não é uma solução perfeita.
© PlayStation
“Uma das coisas que tenho aprendido é que um produto de apoio nunca vai servir para todas as pessoas. É quase impossível dizer que há uma solução perfeita. Não existe isso. Pessoalmente, gostei muito do comando. É uma solução fantástica, que me deixa com vontade de jogar”, conta ao Notícias ao Minuto
“A PlayStation está de parabéns porque desenvolveu este comando, mas principalmente porque o projeto foi desenvolvido ao longo dos últimos anos junto da comunidade de pessoas com deficiência”, acrescenta ainda.
Ainda que continue a afirmar que não se vê de todo como um jogador, diz estar “a gostar muito” de jogar a ‘Marvel’s Spider-Man 2’ e que até já teve a oportunidade de experimentar ‘Gran Turismo 7’.
Serve sublinhar que grande parte dos últimos exclusivos produzidos pela PlayStation já contam com os mais diversos modos de acessibilidade. O PlayStation Access parece ser a mais recente aposta da empresa japonesa junto da comunidade de pessoas com deficiência e que, a julgar pela forma como este novo comando está a ser recebido, é provável que não seja a última.
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