Os quatro Princípios para liderar a Revolução da Inteligência Artificial
Um artigo de opinião assinado por Ricardo Martinho, Presidente da IBM Portugal.
© Ricardo Martinho, Presidente da IBM Portugal
Tech Artigo de opinião
"Se 2023 foi o ano em que a Inteligência Artificial (IA) se tornou 'mainstream' no mercado de consumo, é uma aposta segura dizer que 2024 será o ano em que as empresas seguirão em massa essa tendência. Mas, para os executivos que não pretendam apenas seguir, mas sim liderar verdadeiramente esta revolução que se aproxima, há certos princípios que devem ter em conta.
Em primeiro lugar, as empresas devem ser criadoras de valor em IA
Existem três modos distintos de consumo de IA generativa: o primeiro consiste em adquirir software com IA generativa incorporada, o segundo consiste em recorrer a modelos de terceiros através de chamadas API, e o terceiro é criar os seus próprios modelos fundacionais tirando partido de dados públicos e privados.
Atualmente, a maioria das empresas está focada nos dois primeiros padrões de adoção, uma vez que representam o caminho mais fácil para experimentar e descobrir casos de uso que tenham valor para as empresas. Mas, embora seja vantajoso para os consumidores aproveitarem esta onda como utilizadores de IA que não têm necessariamente de ter em conta o funcionamento da tecnologia, as empresas com visão de futuro claramente não se poderão dar a esse luxo. Têm informação proprietária, propriedade intelectual e segredos comerciais a proteger - e requisitos éticos, de reputação e legais a cumprir.
Qualquer empresa que pretenda tirar o máximo partido da IA deverá focar-se na fantástica oportunidade de criação de valor dos modelos fundacionais, em vez de externalizar a sua capacidade, a sua estratégia e - mais importante - os seus dados para terceiros. Os modelos fundacionais são, na sua essência, uma nova representação dos dados. Esta nova representação tem o poder de revelar insights valiosos a partir dos dados. Historicamente, a invenção de cada nova representação de dados tem-se revelado fundamental para o avanço da ciência e da tecnologia, e para a criação de novos negócios. Agora não é diferente.
As empresas devem avaliar cuidadosamente a vantagem competitiva que poderão estar a conceder ao cederem os seus dados para serem codificados num modelo fundacional que não é o seu, e o valor das informações contidas nos seus dados. Uma empresa que seja capaz de criar os seus próprios modelos de IA (e lembre-se, nem todos têm de ser de enorme dimensão) é uma empresa que controla o seu próprio destino. Não só pode treinar, afinar e governar a sua própria IA para obter consistentemente o máximo partido destas tecnologias em constante evolução – mas também, enquanto criadora de valor, tem o domínio sobre a proteção, o controlo, a inovação e a monetização do que se tornará um dos seus ativos mais importantes que são os modelos fundacionais empresariais que codificam os seus dados mais valiosos.
A tarefa de criar um modelo fundacional direcionado para uma empresa em particular pode parecer avassaladora, mas não tem de o ser. Foi por isso que criámos o watsonx, para permitir às empresas tornarem-se criadoras de valor, serem detentoras da fonte da sua vantagem competitiva e controlarem o seu destino.
Em segundo lugar, os líderes empresariais devem apostar na comunidade
Já se tornou evidente que, para onde quer que a IA se dirija nos próximos anos, não haverá um modelo fechado que reine sobre todos. Esta revolução será impulsionada pela energia e engenho de toda a comunidade de IA - decididamente uma comunidade aberta. Ao integrarem uma combinação dos melhores modelos de código aberto, de modelos privados e, em última análise, dos seus próprios modelos, as empresas podem colocar-se numa posição que lhes permitirá tirar o máximo partido dessa comunidade.
Em terceiro lugar, as empresas devem garantir que a sua IA pode ser executada em qualquer lugar e de forma eficiente
Ao utilizarem tecnologias de cloud híbrida e de código aberto, as empresas podem otimizar o custo, o desempenho e a latência. Na IBM, estamos a ajudar as empresas a gerir os seus dados mais valiosos, e a treinar, afinar e desenvolver modelos de IA em clouds públicas e privadas e nas suas próprias instalações. O futuro destas tecnologias assenta em opções ágeis, económicas e eficientes em termos energéticos para empresas de todas as dimensões - e as empresas bem-sucedidas serão aquelas que se preparem para prosperar em qualquer ambiente.
Por último, mesmo que os líderes empresariais atuem com sentido de urgência, deverão também fazê-lo de forma responsável
Não há dúvida de que chegámos a um ponto de inflexão para a IA - e o instinto dos executivos para agirem ousadamente é um fator positivo. Ninguém quer ser deixado para trás na evolução destas tecnologias e, realmente, ninguém pode dar-se ao luxo de desperdiçar esta oportunidade.
Mas, aos olhos dos clientes, investidores e colaboradores, há algo fundamental para utilizar esta nova e estimulante tecnologia: a confiança. A menos que cada um de nós incorpore uma governança responsável no centro da utilização da IA, os seus novos riscos acabarão eventualmente por sobrepor-se aos seus extraordinários benefícios.
Este momento, mais do que qualquer outro, exige uma liderança de confiança por parte do setor privado – que será recompensada no futuro. Uma boa IA é uma IA governada, e para aqueles que pretendem liderar este momento, incutir este princípio em tudo o que fazem irá contribuir significativamente para cimentar a sua posição de vanguarda."
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