As negociações, que os Presidentes norte-americano e chinês, Joe Biden e Xi Jinping, respetivamente, concordaram em lançar durante um encontro em São Francisco, em 2023, visam abrir o diálogo bilateral entre as duas maiores economias do mundo - e cada vez mais, rivais geopolíticos - sobre uma tecnologia em rápida evolução que já está a ter consequências para o comércio, estilos de vida, cultura, política, segurança ou defesa nacional.
Especialistas em tecnologia dos EUA dizem que a reunião - liderada do lado norte-americano por altos funcionários da Casa Branca (presidência) e do Departamento de Estado - pode oferecer um vislumbre do pensamento de Pequim sobre a tecnologia emergente, face a uma abordagem chinesa geralmente opaca em relação à tecnologia.
Citado pela agência norte-americana Associated Press (AP), o especialista em ameaças novas e emergentes colocadas pela Inteligência Artificial (IA), Jason Glassberg, da Casaba Security em Redmond, com sede em Washington, classificou a reunião como um encontro de primeiro contacto, que deve produzir poucos resultados concretos, mas que permitirá aos dois lados iniciar conversações.
"O mais importante agora é que ambos os lados percebam que cada um tem muito a perder se a IA se tornar uma arma ou for abusada", disse Glassberg.
"Todas as partes envolvidas estão igualmente em risco. Neste momento, uma das maiores áreas de risco é a criação de imagens falsas, particularmente para uso em campanhas de desinformação", indicou o especialista, advertindo: "Este é um risco tão grande para a República Popular da China como para o Governo dos EUA".
Não ficou imediatamente claro por que razão a reunião foi agendada para Genebra, apesar de a cidade suíça se apresentar como um centro da diplomacia e das instituições internacionais e da ONU.
A União Internacional das Telecomunicações, com sede em Genebra - uma agência da ONU atualmente dirigida pela norte-americana Doreen Bodgan-Martin e anteriormente liderada pelo chinês Houlin Zhao - vai organizar a sua conferência anual, que terá como mote "AI for Good", nesta cidade no final deste mês.
A reunião é a primeira no âmbito de um diálogo intergovernamental sobre IA acordado durante a reunião entre Xi e Biden, há seis meses.
O Governo dos EUA tem procurado estabelecer algumas barreiras em torno desta tecnologia, ao mesmo tempo que promove o seu crescimento, procurando um possível benefício para a produção económica e o emprego.
Especialistas ocidentais têm afirmado que as autoridades de Pequim têm em parte mantido uma fiscalização sobre as ferramentas de IA devido às suas aplicações reais ou potenciais para atividades militares e de vigilância, sob controlo do Partido Comunista.
As autoridades norte-americanas sugeriram que iriam definir formas de mitigar os possíveis riscos da tecnologia, criando compromissos voluntários com as principais empresas do setor e exigindo testes de segurança dos produtos de IA.
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