O apagão foi causado por um erro numa atualização de 'software' da CrowdStrike - empresa de segurança cibernética com sede em Austin, no Texas - para o sistema operacional Windows 10, conforme explicou o próprio CEO da empresa na plataforma X, uma situação que levou as equipas a ficarem presas no chamado "ecrã azul da morte" - quando os sistemas de computador ficam inativos. 

"Este não é um incidente de segurança ou um ataque cibernético", escreveu hoje o presidente da CrowdStike, George Kutz, enquanto empresas de todo o mundo, da Austrália aos Estados Unidos, relatavam interrupções no sistema.

Kutz pediu desculpas e garantiu que uma solução foi distribuída a um dos seus agentes de monitorização e solução de ciberataques na 'nuvem', mas é possível que alguns computadores que operam com o sistema Windows possam precisar de tempo para serem atualizados e voltarem ao normal.

O especialista em segurança cibernética Troy Hunt, chefe do popular portal sobre segurança cibernética e estados da rede 'on-line' HaveIBeenPwned, garantiu que a dimensão global da interrupção do sistema Windows 10 representa "o maior apagão de computador da história".

Já Gregory Falco, professor assistente de engenharia na Universidade Cornell, explicou que "esta é uma função da tecnologia muito homogénea que vai para a espinha dorsal de toda a infraestrutura de Tecnologia da Informação".

"O que realmente causa esta confusão é que dependemos de muito poucas empresas, e toda a gente usa as mesmas companhias, então todo o mundo caiu ao mesmo tempo", observou.

As principais companhias aéreas do mundo, incluindo as norte-americanas American Airlines, Delta e United, foram forçadas a cancelar ou atrasar voos "globalmente" devido ao apagão, causando longas filas nos aeroportos.

Nos Estados Unidos, mais de 31 mil voos atrasaram e outros 3.600 foram cancelados, segundo dados do portal FlightAware, algo que não se via desde os ataques de 11 de setembro de 2001. 

Por sua vez, os portos de grandes cidades americanas como Los Angeles, Nova Iorque e Houston também relataram atrasos nas suas operações devido ao apagão, segundo relatos da imprensa norte-americana.

O secretário de Transportes dos Estados Unidos, Pete Buttigieg, explicou em entrevista à CNBC que os cancelamentos e atrasos de voos deverão continuar ao longo do dia de hoje.

"Os voos são tão programados, um após o outro, que mesmo depois de o problema ter sido resolvido, ainda é possível ver os impactos durante o dia", disse o responsável, acrescentando que os sistemas de controlo de tráfego aéreo não foram afetados pelo incidente.

Várias emissoras de televisão locais nos Estados Unidos foram impedidas de transmitir as notícias na manhã de hoje, e alguns governos estaduais e locais relataram problemas em tribunais, agências de emprego, centrais de atendimento de emergência e outros escritórios.

A interrupção no sistema Windows também afetou o setor de saúde: em Houston, onde está localizado o maior complexo médico do mundo, o apagão fez com que consultas fossem canceladas.

O sistema médico Kaiser Permanent, que gere cerca de 40 hospitais e tem mais de 12 milhões de clientes em todo o país, também foi afetado, numa situação "sem precedentes", disse um porta-voz da empresa ao The New York Times que relatou problemas nos processos de transplante.

As transportadoras UPS e FedEx foram igualmente afetadas pela falha no sistema operacional e alertaram que pode haver atrasos nas entregas durante o dia.

Também alguns dos icónicos ecrãs gigantes da Times Square, em Nova Iorque, ficaram escuros.

O movimento de pessoas e mercadorias na fronteira sul dos Estados Unidos e do México desacelerou devido à crise informática. O trânsito de pedestres e veículos em San Ysidro, na Califórnia, viveu um "caos" nesta sexta-feira, devido ao mesmo problema.

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