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Experiência sugere bomba atómica para salvar Terra de asteroide

A humanidade poderá ter de recorrer a uma bomba nuclear para alterar a trajetória de um asteroide em direção à Terra, segunda uma experiência laboratorial em que investigadores bombardearam um alvo do tamanho de um berlinde com raios X.

Experiência sugere bomba atómica para salvar Terra de asteroide
Notícias ao Minuto

07:30 - 26/09/24 por Lusa

Tech Espaço

O maior teste de defesa planetária em grande escala foi realizado em 2022, quando a sonda Dart da NASA colidiu e alterou a trajetória de um asteroide com 160 metros de largura.

 

Mas o choque causado pela Dart, que era do tamanho de um frigorífico grande, pode não ser suficiente para um objeto maior.

Chicxulub, um asteroide com cerca de dez quilómetros de comprimento, é um destes e os cientistas dizem que o seu impacto na Terra a mergulhou, há 66 milhões de anos, num inverno que eliminou três quartos das espécies terrestres.

O filme de ação "Armageddon" imaginou, em 1998, um cenário em que uma equipa tão imprudente quanto heroica se preparava para abordar um asteroide com mil quilómetros de largura antes de o despedaçar com uma bomba nuclear.

Investigadores norte-americanos publicaram esta semana na Nature Physics uma experiência num asteroide mais modesto, com 12 milímetros de largura, submetendo-o a uma explosão de raios X nos Laboratórios Nacionais Sandia em Albuquerque, Novo México.

A máquina é capaz de fornecer "o feixe mais brilhante do mundo", realçou à agência France-Presse (AFP) o primeiro autor do estudo, Nathan Moore, que trabalha na Sandia.

A maior parte da energia produzida por uma explosão nuclear é sob a forma de raios X. E no espaço, por falta de atmosfera, não haveria nem onda de choque, nem bola de fogo.

Em Sandia, os raios X vaporizaram facilmente a superfície do miniasteroide e o material vaporizado impulsionou o alvo na direção oposta.

Atuando como "um motor de foguete", segundo Moore, o teste enviou o alvo a 250 km/h, confirmando "pela primeira vez" teorias que previam tal efeito.

Os investigadores utilizaram dois tipos de miniasteroides, um feito de quartzo e outro de sílica. E concebeu um modelo para concluir que uma explosão nuclear seria suficiente para alterar o rumo de um asteroide com quatro quilómetros de diâmetro, desde que exista um aviso com antecedência suficiente.

O modelo utilizado pressupõe uma bomba de um megaton, mais de 60 vezes mais potente que a de Hiroshima, e que deverá detonar a poucos quilómetros do seu alvo, mas a milhões de quilómetros da Terra.

A realização de uma experiência do género em condições reais seria perigosa, dispendiosa e contrária a todos os tratados internacionais.

Mas nada nos impede de estudar a questão e de nos "prepararmos para todos os cenários", porque, como explica Moore, "a maior incerteza neste momento" é que os asteroides "existem em todos os tipos".

O alvo atingido pelo Dart, Dimorphos, revelou-se equivalente a uma frágil pilha de escombros cósmicos. A missão Hera da Agência Espacial Europeia, que parte no próximo mês, deverá examiná-lo mais detalhadamente.

Mary Burkey, investigadora do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, conduziu simulações computacionais da utilização de uma arma nuclear para desviar a trajetória de um asteroide.

E ficou satisfeita porque os seus cálculos concordaram com as observações da equipa Sandia, contou à AFP.

As suas simulações mostram que este tipo de missão "seria uma forma muito eficaz de defender o planeta Terra contra um impacto".

Leia Também: A Terra vai ter uma 'pequena Lua' nos próximos tempos

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