Estudo sobre Marte diz que planeta difere mais da Terra do que se pensava

Um estudo inédito coordenado por dois investigadores portugueses, sobre ondas atmosféricas de Marte, concluiu que este planeta difere mais da Terra do que se pensava anteriormente.

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Lusa
11/03/2025 23:33 ‧ há 9 horas por Lusa

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O estudo, divulgado recentemente na publicação da especialidade Journal of Geophysical Research, tem como coordenadores e primeiros autores Pedro Machado e Francisco Brasil, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).

 

Segundo Pedro Machado, astrofísico e docente da FCUL, trata-se do "primeiro artigo sobre a temática".

O investigador do IA, especialista no estudo de atmosferas planetárias, adiantou que o trabalho faz uma caracterização abrangente das ondas atmosféricas marcianas, permitindo concluir que há uma "diferença assombrosa entre o hemisfério norte e o hemisfério sul" do planeta.

"É como se fossem dois planetas diferentes", disse Pedro Machado hoje à Lusa, assinalando que as ondas que se propagam na atmosfera de Marte, transportando energia e movimento, são difíceis de detetar e caracterizar porque o planeta tem poucas nuvens.

Contudo, de acordo com o investigador e docente, orientador do doutorando Francisco Brasil, são um elemento "importante para compreender a dinâmica da atmosfera de um planeta" e o seu clima.

No caso de Marte, são o "gatilho" das tempestades de poeira, mais frequentes no hemisfério norte.

O estudo veio revelar que o "planeta vermelho" difere mais da Terra do que se pensava anteriormente. E Pedro Machado explica porquê: na Terra as ondas atmosféricas "são quase simétricas" nos dois hemisférios, enquanto em Marte "são assimétricas" em ambos os hemisférios, variando o seu número, intensidade, extensão e largura consoante a estação do ano ou a altura do dia.

A equipa de investigação, da qual fazem parte mais dois portugueses da FCUL e do IA, José Eduardo Silva e Daniela Espadinha, e colaboradores estrangeiros, recorreu a dados recolhidos pela sonda europeia Mars Express, na órbita de Marte há mais de 20 anos, e a métodos de análise das ondas atmosféricas de Vénus que foram afinados.

Os cientistas debruçaram-se sobre as ondas atmosféricas marcianas associadas a nuvens de gelo seco, nuvens de gelo de água e nuvens de poeira em diferentes altitudes.

Leia Também: China avança com projeto para trazer amostras de Marte

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