Trump e Musk são "fenómeno interessante" assente na lógica de poder

A professora do Instituto para a Ética na Inteligência Artificial em Oxford Carissa Véliz classifica, em entrevista à Lusa, a 'parceria' de Trump e Elon Musk de "fenómeno muito interessante" que segue a lógica das relações de poder.

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Lusa
23/03/2025 22:30 ‧ há 2 dias por Lusa

Tech

Inteligência Artificial

O dono da rede social X, da Tesla e da SpaceX foi nomeado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para liderar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), responsável pelo corte na despesa pública.

 

Questionada sobre a relação entre Trump e o multimilionário ligado às tecnologias, a filósofa e professora na Universidade de Oxford classifica de "um fenómeno muito interessante".

"Podíamos vê-lo a chegar ao longe, mas acho que poucas pessoas pensaram que chegaria tão longe", prossegue Carissa Véliz, que é uma das oradoras do TEDxPorto 2025, que decorre no Porto em 29 de março sob o mote "A Grande Questão", onde vai abordar o papel da privacidade e da ética na era digital.

No entanto, esta 'parceria' "segue a lógica das relações de poder que descrevo no meu livro Privacy is Power [Privacidade é Poder], em que, quando alguém iliberal chega ao poder, a primeira coisa que faz é buscar dados pessoais".

O objetivo disso é "tentar garantir acesso ao máximo possível de dados pessoais e aos tipos mais sensíveis de dados pessoais e é exatamente isso que estamos a ver com Elon Musk", sublinha a académica, que foi distinguida com o prémio Herbert A. Simon em 2021 pelo contributo na interseção entre computação e filosofia.

Isso "é um motivo de grande preocupação", admite a especialista que integra o grupo de líderes especialistas Women4Ethical AI da Unesco.

Sobre o papel da Europa, "temos que ter muito cuidado ao enquadrar exatamente de que corrida estamos a falar aqui", adverte.

No espaço europeu, "estamos a jogar um jogo de proteção de direitos e esse é um caminho muito diferente do que a China e os Estados Unidos estão interessados agora".

Contudo, "é claro que, para a Europa ter sucesso na proteção de direitos, temos que estar à altura da ocasião" e isso "não é um desafio fácil", admite a académica.

"Precisamos estar seguros de rivais poderosos que não partilham necessariamente os nossos valores e temos que ser mais inovadores quando se trata de tecnologia", remata.

Leia Também: "Temos mais poder do que as tecnológicas gostariam"

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