O dono da rede social X, da Tesla e da SpaceX foi nomeado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para liderar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), responsável pelo corte na despesa pública.
Questionada sobre a relação entre Trump e o multimilionário ligado às tecnologias, a filósofa e professora na Universidade de Oxford classifica de "um fenómeno muito interessante".
"Podíamos vê-lo a chegar ao longe, mas acho que poucas pessoas pensaram que chegaria tão longe", prossegue Carissa Véliz, que é uma das oradoras do TEDxPorto 2025, que decorre no Porto em 29 de março sob o mote "A Grande Questão", onde vai abordar o papel da privacidade e da ética na era digital.
No entanto, esta 'parceria' "segue a lógica das relações de poder que descrevo no meu livro Privacy is Power [Privacidade é Poder], em que, quando alguém iliberal chega ao poder, a primeira coisa que faz é buscar dados pessoais".
O objetivo disso é "tentar garantir acesso ao máximo possível de dados pessoais e aos tipos mais sensíveis de dados pessoais e é exatamente isso que estamos a ver com Elon Musk", sublinha a académica, que foi distinguida com o prémio Herbert A. Simon em 2021 pelo contributo na interseção entre computação e filosofia.
Isso "é um motivo de grande preocupação", admite a especialista que integra o grupo de líderes especialistas Women4Ethical AI da Unesco.
Sobre o papel da Europa, "temos que ter muito cuidado ao enquadrar exatamente de que corrida estamos a falar aqui", adverte.
No espaço europeu, "estamos a jogar um jogo de proteção de direitos e esse é um caminho muito diferente do que a China e os Estados Unidos estão interessados agora".
Contudo, "é claro que, para a Europa ter sucesso na proteção de direitos, temos que estar à altura da ocasião" e isso "não é um desafio fácil", admite a académica.
"Precisamos estar seguros de rivais poderosos que não partilham necessariamente os nossos valores e temos que ser mais inovadores quando se trata de tecnologia", remata.
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