"Ninguém pode estar contra algo que impede a violação da privacidade"

O presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), Rui Oliveira, afirmou hoje que a privacidade dos cidadãos é "essencial" e que concorda "em absoluto" com as novas regras para proteção de dados.

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Lusa
23/04/2018 06:52 ‧ 23/04/2018 por Lusa

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"Ninguém pode estar contra algo que impede a violação da privacidade de alguém", disse à Lusa o docente da Universidade do Minho, a propósito da 13.ª edição da EuroSys (European Conference on Computer Systems), uma conferência sobre sistemas informáticos que inicia hoje, no Palácio do Freixo (Porto).

O novo Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), que entra em vigor em 28 de maio e que resulta da implementação de um regulamento europeu, criado em maio de 2016, obriga a que as instituições e as empresas tomem medidas no que se refere à proteção da privacidade dos cidadãos.

Segundo o também presidente da comissão organizadora da EuroSys 2018, embora "toda a gente esteja sensibilizada para o problema e para aquilo que se vai deixar de poder fazer", ainda não foram encontradas as soluções para o solucionar.

Cabe aos cientistas informáticos "a missão e a responsabilidade de desenvolver novas formas de sobrepor isso, sem violar a privacidade das pessoas", indicou.

"Como se consegue servir as pessoas, através de um sistema informático, sem violar a sua privacidade? Como se consegue prestar um serviço sem ter que saber mais do que se deve das pessoas? Ou, então, como se consegue tratar e analisar um conjunto de dados das pessoas, que não se possa ver?", indagou.

O presidente do INESC TEC acredita que isso é possível, embora acarrete "desafios muito grandes".

"Estamos à frente de todo o mundo, ao nível da defesa da privacidade. Os asiáticos estão a aprender connosco, os americanos estão assustados connosco. Espero que isso também nos permita ficar à frente nas soluções, que sejamos nós a encontrá-las", frisou.

Para o docente, além das questões relacionadas com a cibersegurança, também a 'data science' - "capacidade de, hoje em dia, se conseguir tratar conjuntos muito grandes de dados para lhes extrair valor, em tempo útil" -, é dos "maiores desafios atuais" nesta área.

"Temos informação que é gerada em todo lado, em todos os formatos, e se não tivermos capacidade de analisar essa informação, de a centrar, tirar o lixo para um lado e ficar só com o que vale a pena, extraindo daí valor, estamos a perder um potencial económico muito grande", referiu.

De acordo com Rui Oliveira, sem a análise de grandes conjuntos de dados, a própria cibersegurança está ameaçada.

Na EuroSys, orientada para sistemas e ferramentas "já muito perto de virem a ser utilizadas, a curto e médio prazo", são apresentadas ideias, resultados científicos e testes, que "vão ter impacto na sociedade e na economia", contou o presidente da comissão organizadora do evento, que envolve o INESC TEC e a Universidade do Minho.

"A EuroSys é a maior conferência em sistemas computacionais na Europa e uma das três melhores do mundo", indicou o professor, salientando que os resultados que figuram no programa do evento "são sempre inovadores, de grande relevância e impacto".

Com cerca de 300 participantes, o evento, que finaliza na quinta-quinta, abordará os sistemas de 'software' de investigação e desenvolvimento, 'hardware' e aplicações.

Nesta edição, apoiada pelas empresas VMWare, Microsoft, RedHat, Facebook, Oracle, NATIXIS, IBM Research, Google, OutSystems e Maxdata, serão apresentados 43 artigos científicos.

 

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