A Xpeng, uma das maiores fabricantes de veículos elétricos da China, anunciou esta segunda-feira um plano para cortar os seus custos de produção em 25%, até 2024, visando alcançar um saldo de caixa positivo no ano seguinte.
"A capacidade de desenvolver produtos atrativos a preços acessíveis tornou-se mais importante [no setor]", disse o presidente da empresa, Brian Gu, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.
O plano ilustra a acirrada competição entre as fabricantes de veículos elétricos do país asiático, que estão a travar uma guerra de preços, após o governo chinês ter removido a atribuição de subsídios, oferecidos desde 2009 para este tipo de veículo.
A Xpeng baixou já os seus preços em 13% em janeiro, também apoiada pela queda nos preços do carbonato de lítio, o mineral utilizado no fabrico de baterias que pode representar 40% do custo de um carro elétrico. O preço do lítio caiu 60% no espaço de um ano.
As receitas da empresa aumentaram 28%, em 2022, em termos homólogos, mas os altos gastos com pesquisa e desenvolvimento fizeram com que as perdas líquidas duplicassem para 9.140 milhões de yuan (1.210 milhões de euros).
"Os fabricantes de elétricos inteligentes precisam de ter cautela com a lucratividade daqui para a frente porque a concorrência vai aumentar com o lançamento de novos modelos", explicou Gao Shen, analista do setor, citado pelo SCMP.
"As principais empresas emergentes do setor também vão ter que ser cuidadosas para se prepararem para a turbulência no setor elétrico nos próximos anos", acrescentou.
No ano passado, foram vendidos na China quase seis milhões de carros elétricos -- mais do que em todos os outros países do mundo juntos.
A dimensão do mercado chinês propiciou a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng, que ameaçam agora o 'status quo' de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.
Em 2014, o líder chinês, Xi Jinping, afirmou que o desenvolvimento de carros elétricos era a única forma de a China se converter numa "potência do setor automóvel".
O país estabeleceu então como meta que os carros elétricos deviam representar 20% do total das vendas até 2025. Esse valor foi ultrapassado no ano passado, quando um em cada quatro veículos vendidos na China era elétrico.