Madrid vestiu-se, esta terça-feira, a rigor. Multidões de pessoas, cavaleiros, e guardas reais deram cor à cerimónia de juramento da Constituição de Leonor. No entanto, entre todo este aparato, houve duas viaturas blindadas que se destacaram.
Referimo-nos aos dois Rolls-Royce Phantom IV, que transportaram os reis Felipe VI e Letizia, assim como a princesa Leonor e a irmã Sofia.
As duas viaturas não foram escolhidas ao acaso e a sua história remonta a 1950.
Quando a marca Phantom IV nasceu, foi pensada para o Duque Felipe de Edimburgo e na rainha Isabel II. A marca, demasiado cara para um país que vivia em plena II Guerra Mundial, alegava que as suas qualidades faziam esquecer o preço. Transforma-se assim numa marca com afincado 'sangue azul' e focado apenas para as classes altas.
"A qualidade dos produtos fez da marca britânica o expoente máximo da elegância e da sofisticação, um pormenor para o qual contribui o remate do radiador, uma figura feminina de aspeto alado que foi incorporada no design", indica Pedro de la Torre, na obra 'Eso no estaba en mi libro de historia del automovilismo', citada pelo ABC.
O Phantom IV, encomendado entre 1948 e 1949, prometia ser um fiasco de vendas. No entanto, quando a luz da ribalta se fez sentir, começaram a chegar encomendas de todo o mundo.
E uma delas foi feita por Francisco Franco. O ditador espanhol adquiriu três carros desta marca, um dos quais descapotável. Ainda hoje há alguma controvérsia sobre as razões que o levaram a comprá-los: se um amor pelo luxo, ou se um desejo de estar ao nível da realeza.
Certo é que todos consideravam o carro uma potência. O novo Phantom IV, com 160 cavalos, era alimentado por um motor de oito cilindros em linha com 5.665 centímetros cúbicos, oferecia um desempenho incrível a baixa velocidade e destinava-se a desfiles e eventos protocolares. Conta o ABC que cada uma deles era produzido a pensar na pessoa a quem se destinava, sendo cada uma deles um exemplar único.
Os três modelos associados a Francisco Franco nunca estiveram em sua posse, mas sim na posse do Exército e, consequentemente do Governo espanhol, que se diz ter exigido que a blindagem dos automóveis fosse reforçada para que resistisse a qualquer tentativa de disparo.
Os três ainda estão em uso e são utilizados em ocasiões de Estado, como o casamento do Príncipe e da Princesa em 2004 e a proclamação de Felipe VI em 2014.
Hoje voltaram a sair da garagem para um dia de extrema importância para a princesa Leonor. A herdeira da Coroa espanhola fez o juramento à Constituição, ato solene que permite que esta, a partir de então, assuma as funções de Chefe de Estado se o pai, o rei Felipe VI, assim o desejar.
Leia Também: Madrid voltou a gritar vivas a monarquia "manchada" por Juan Carlos I