Prevê-se "uma transformação radical dos edifícios", mas há preocupações
De uma coisa estão os profissionais do setor imobiliário de acordo, é necessário "tornar a economia da UE mais sustentável." Mas, o receio está "na transposição" e no "que será feito para cumpri-la."
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"Linhas económicas mais verdes" e "ter a preocupação de descarbonizar os edifícios com medidas mais sustentáveis eficientes" são das principais preocupações dos profissionais do setor imobiliário. De uma coisa estão todos de acordo, "tornar a economia da UE mais sustentável" e querer "uma transformação radical dos edifícios na Europa", sustenta o Policy Officer da Comissão Europeia, Vasco Ferreira.
Em causa, está a criação de "uma Europa climaticamente neutra até 2050", a "redução de pelo menos 55% na emissão de gases de efeitos de estufa até 2030" ou que 85% do parque edificado seja neutro em carbono até 2050. Metas estas baseadas no Pacto Ecológico Europeu, cita a Vida Imobiliária, que avança a notícia.
Vários profissionais do setor imobiliário falaram sobre a nova Diretiva Europeia para o Desempenho Energético dos Edifícios durante o webinar “Oportunidades e Desafios – Revisão da Diretiva do Desempenho Energético dos Edifícios”, organizado pela Vida Imobiliária, numa altura em que a diretiva se encontra em consulta pública até ao dia 22 de junho.
Entre as medidas em discussão, as mais relevantes são, por exemplo, a definição de requisitos mínimos de eficiência energética dos edifícios, que atualmente só existem no caso de uma renovação ou edifício novo. Sendo que para Vasco Ferreira, "poderá (ter de) haver a obrigação de renovar os edifícios menos eficientes, ou de associar renovações ao arrendamento ou venda".
Esteve também em discussão a definição de renovação de edifícios, que pode vir a definir critérios mínimos de poupança de energia, por exemplo, ou a criação de um “passaporte de renovação” do edifício, que registe todas as renovações em etapas graduais, note-se.
Por outro lado, os edifícios novos poderão ter de ser emissões líquidas nulas (Near Zero Energy Buildings), além de "indicadores de prontidão para edifícios inteligentes" ou infraestrutura para mobilidade elétrica.
Mas, surgem algumas preocupações
Ainda durante o webinar, Hugo Santos Ferreira, Presidente da APPII, admite que "as métricas devem ser ambiciosas, mas o meu medo é a transposição e o que será feito para cumpri-las", nomeadamente "num país com um gravíssimo problema habitacional, onde não há habitação para a classe média e não é possível fazê-la devido à legislação desatualizada ou aos custos de contexto." Defendeu ainda a criação de linhas de financiamento verde para a promoção imobiliária.
Por seu lado, João Gomes, Presidente da ANFAJE, mostra-se preocupado, por um lado, com os custos dos materiais de construção e com a falta de formação da mão-de-obra e com a sua escassez, uma vez que "antes da crise já precisávamos de 60 mil trabalhadores. Precisamos de imigrantes para este setor."
Já Manuel Duarte Pinheiro, responsável pelo sistema Lider, alerta que "é essencial não esquecer a ligação ao mercado", nomeadamente que Portugal é um país de proprietários, destacando "a nuvem negra da obrigação de renovar os edifícios com pior desempenho. Será bom se o Estado tiver essa capacidade. Não dar capacidade aos privados pode ser um risco muito significativo".
Pela Ordem dos Engenheiros, esteve também presente o Presidente Carlos Mineiro Aires que deixou a nota: "Foram as rendas congeladas que levaram os edifícios ao estado em que estão."
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