No ano passado, apesar de a pandemia ter parado a compressão de prime yields (também conhecidas como rendimento, sendo o retorno obtido a partir de um investimento feito), a renovação da confiança dos investidores no mercado imobiliário voltou a gerar nova compressão durante o primeiro trimestre de 2021.
De acordo com o estudo da consultora imobiliária internacional Savills, enviado às redações, onde foram analisados cerca de 19 mercados europeus, nos primeiros três meses de 2021, observou-se uma compressão ainda maior das yields, atingindo-se mínimos históricos no segmento da logística, o que evidencia uma feroz competição por uma oferta limitada de ativos.
Ainda no 1.º trimestre deste ano, as yields do segmento de logística estavam a 4,25%, face aos 4,5% registados no período homólogo de 2020. Em partes da Alemanha e da França, esse valor caiu abaixo dos 4%, sublinhe-se.
Já no que toca ao retalho, de um modo geral, as prime yields têm vindo a conseguir maior fôlego. Contudo, a Savills observou que no segmento dos supermercados, a compressão das yields é notória, devido à resiliência demonstrada durante o período pandémico e da perceção de que se trata de um investimento seguro.
No primeiro trimestre, as prime yields de supermercados estavam a 5,4%, 11 pontos base face ao trimestre anterior e 28 pontos base face ao mesmo período de 2020. Em Portugal, as yields do segmento de supermercados mantiveram-se nos 5,5%, não registando flutuações relativamente a 2020 e a 2019.
Quanto ao mercado residencial, observou-se também uma contração das yields, demonstrando um grande apetite dos investidores por ativos como unidades multifamiliares, alojamento para estudantes e residências sénior. Revela a Savills que Lisboa regista uma das mais elevadas yields do mercado europeu de alojamento estudantil, atingindo os 4,5% no primeiro trimestre de 2021.
Segundo Ricardo Garcia, Residential Director da Savills Portugal, “o mercado residencial tem vindo a ajustar-se à nova realidade e ao facto de cada vez mais as pessoas procurarem imóveis com espaço dedicado a trabalho remoto e área exterior."
"Esta procura não é exclusiva dos grandes centros urbanos, mas também em zonas periféricas onde existe uma melhor relação entre a dimensão e o preço," sustenta, acrescentando que "paralelamente, o mercado português tem tido muita procura por investidores internacionais para produto multifamily, principalmente devido à escassez de apartamentos para arrendamento de longa duração."
"Existe a oportunidade e o mercado está a responder positivamente com investimento. Conceitos como senior living e alojamento para estudantes estão a ganhar maior tração, alinhados com mercados internacionais mais maduros”, finaliza Ricardo Garcia.
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