A alavancagem disparou na habitação em Portugal, durante o primeiro trimestre de 2021. De acordo com Gonçalo Rodrigues, consultou de finanças imobiliárias, é possível concluir que em média, nos primeiros três meses do ano, 67,2% das casas vendidas em Portugal tiveram um crédito habitação, depois de analisados os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e Banco de Portugal. Segundo o consultor, trata-se do segundo maior registo desde o 2.º trimestre de 2011, lê-se na plataforma Out of the Box.
De notar que, em finanças, alavancagem é um termo genérico que designa qualquer técnica utilizada para multiplicar a rentabilidade através de endividamento ou ao montante da dívida contraída com o objetivo de investir e obter uma maior rendibilidade.
A par do 2.º trimestre de 2020, período em que o país viveu com fortes condicionantes de mobilidade, o arranque do ano registou um forte aumento no recurso a crédito para compra de casa, faz notar Gonçalo Rodrigues.
"Se em 2020 se registou uma quebra acentuada no número de casas vendidas, em consequência do confinamento, já em 2021 e apesar do país ter voltado a novo confinamento, as vendas mantiveram-se elevadas", sustenta.
[Alavancagem na habitação em Portugal]© Out of the Box
Assim, o aumento da alavancagem em 2020 entende-se pela quebra na venda de casas. Contudo, em 2021, essa quebra não se voltou a sentir durante o novo confinamento pelo que o aumento da dívida no segmento residencial no país deve ser visto com alguma precaução, pode-se ler na plataforma.
De acordo com os mesmos dados, refere Gonçalo Rodrigues, o valor médio de crédito concedido tem vindo a aumentar a um ritmo elevado, ao mesmo tempo que os preços das casas sobem, atingindo máximos históricos. O valor mediano de avaliação bancária também se encontra em níveis máximos.
"Se, por um lado, o aumento da concessão de crédito para a compra de casa é positivo para o mercado imobiliário, porquanto o dinamiza, por outro, se for em excesso, pode tornar-se prejudicial", revela o consultor, acrescentando que "o excesso de dívida na habitação, principalmente em momentos de alta de um ciclo pode tornar-se perigoso".
Sazonalidade aponta para menos crédito no arranque deste ano
De acordo com Gonçalo Rodrigues, os dados do mercado residencial em Portugal apontam para uma sazonalidade nas vendas, acompanhada pela concessão de crédito. Geralmente, o início de cada ano é mais fraco em venda de casas e mais reduzido também no montante de crédito concedido, sendo que o último trimestre de cada ano tende a ser mais forte, salienta o consultor.
No entanto, os primeiros três meses de 2021 revelaram uma forte atividade creditícia, especialmente em março. O montante de crédito habitação concedido entre janeiro e março ficou 18% acima de período homólogo de 2020, aproximando-se inclusive de valores registados em 2005.
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