O presidente do Ergue-te, o ex-juiz Rui Fonseca e Castro, foi detido pela Polícia de Segurança Pública (PSP), esta sexta-feira, durante uma manifestação de extrema-direita ilegal no Largo de São Domingos, em Lisboa, após não acatar a ordem para abandonar o local.
"Só sairei daqui algemado", disse Fonseca e Castro, citado pela CNN Portugal, após ter sido alertado pelos agentes que incorria um crime de desobediência.
Momentos depois Fonseca e Castro acabou por se entregar, criando momentos de tensão, o que exigiu a intervenção do dispositivo policial para conter a agitação.
Mais de uma centena de apoiantes de grupos de extrema-direita como o Habeas Corpus e o 1143 gritaram: "Prendem um, prendem todos."
A seguir à detenção do líder do Ergue-te, a PSP deteve um outro homem por "resistência e coação", disse à Lusa fonte da autoridade, acrescentando que ambos foram levados para a esquadra.
Aquando a detenção do presidente do Ergue-te, que disse que se entregou à polícia "em nome da liberdade", os apoiantes de movimentos extremistas exaltaram-se e o forte dispositivo da PSP, inclusive das Equipas de Intervenção Rápida, teve de intervir, com a utilização da força, registando-se momentos de alguma violência física.
Durante a concentração, os apoiantes da extrema-direita insultaram jornalistas e também o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), que não deu aval à manifestação, após parecer negativo da PSP.
Anteriormente, Fonseca e Castro tinha afirmado que, "como partido político", o Ergue-te tinha "direito e liberdade" de "fazer propaganda política", sobretudo "em tempo de propaganda política mais intensa no contexto de umas eleições legislativas".
"Temos o direito e a liberdade como partido político de ação e propaganda política. E é isso que hoje iremos fazer Vamos ocupar a via pública, tal como outros partidos políticos o fazem, no âmbito da nossa liberdade de propaganda política", disse, antes de ser abordado pela PSP.
Reiterou ainda que a sua manifestação tinha como objetivo "celebrar a portugalidade" e que seria feita como "civilidade e irmandade". "Não sei de que forma é que isso pode ser interpretado como uma provocação, de acordo com o senso comum", disse à CNN Portugal.
Sublinhe-se que o partido Ergue-te e o movimento Habeas Corpus, com o apoio do grupo de extrema-direita 1143, anunciaram uma manifestação com "porco no espeto" no Martim Moniz, a partir das 15h00 desta sexta-feira, feriado do dia 25 de Abril de 1974 - Revolução dos Cravos.
A PSP deu um parecer negativo à realização desta ação e a Câmara Municipal de Lisboa seguiu a recomendação e a avaliação da PSP e não deu aval à realização das iniciativas de movimentos de extrema-direita marcadas para o Martim Moniz.
Mesmo existindo um parecer negativo da PSP e sem aval da CML, o presidente do Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, garantiu na quinta-feira, num vídeo partilhado nas redes sociais, que o partido se iria manifestar "para uma festa da família portuguesa, para uma celebração da portugalidade, mas sobretudo para uma demonstração de civilidade e de irmandade".
No vídeo publicado em canais públicos do Ergue-te, anterior Partido Nacional Renovador (PNR), e partilhado por movimentos de extrema-direita, como o 1143, Fonseca e Castro defendeu que se trata de "um evento organizado por um partido político", inserido na campanha para as eleições legislativas de 18 de maio, e, por isso, "não pode ser proibido".
Nesse âmbito, o líder do Ergue-te acrescentou que o partido pediu um parecer à Comissão Nacional de Eleições (CNE) e que este órgão permitiu a realização do evento como "se encontra configurado".
No entanto, ainda na quinta-feira, fonte oficial da CNE negou ter recebido qualquer pedido de parecer do Ergue-te sobre a realização esta sexta-feira, 25 de Abril, de uma manifestação no Martim Moniz.
[Notícia atualizada às 16h48]
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