Tendo recebido com preocupação a possibilidade de o OE2022 poder contemplar um novo adiamento do descongelamento das rendas habitacionais anteriores a 1990, a Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) e a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) consideram ser "urgente" a estabilização do regime jurídico do arrendamento, com a "criação de uma solução definitiva relativa ao fim do congelamento das rendas".
"É necessário que esteja prevista uma solução definitiva que respeite os proprietários e os inquilinos e que traga segurança legal", referiu à Lusa o presidente da APEMIP, Paulo Caiado, lembrando que o prazo para o descongelamento das rendas já foi por duas vezes prolongado nestes últimos anos.
Neste contexto, o presidente da APPII, Hugo Santos Ferreira, salienta a necessidade de ser estabelecido um "acordo de regime para a estabilização do sistema fiscal aplicável" ao mercado de arrendamento, "numa lógica de médio/longo prazo", através de medidas que "gerem confiança no investimento" e de "arrepiar caminho" no modelo de "desculpabilização e desresponsabilização do inquilino incumpridor".
Na vertente fiscal, as associações defendem o fim do Adicional ao IMI (AIMI), com Hugo Santos Ferreira a sublinhar que se deve acabar com o que considera ser uma das "maiores incongruências da política pública de habitação", ou seja, a aplicação do AIMI aos imóveis e terrenos habitacionais.
"Não se entende porque o uso terciário está isento de AIMI e os ativos que são para habitação -- uma das maiores necessidades do nosso país -- não estão", sublinha o presidente da APPII, sustentando que tal situação "provoca uma subida do valor" das casas e das rendas.
Hugo Santos Ferreira considera ainda que o próximo orçamento deve incluir medidas no sentido de baixar para a taxa reduzida do IVA a construção de habitação nova ou, pelo menos, permitir a sua dedução, sendo esta uma das formas para, refere, estimular a colocação de mais casas no mercado e, desta forma, "combater a subida dos preços".
Por outro lado, e tendo em conta ainda os efeitos económicos e sociais da pandemia, Paulo Caiado entende ser essencial que no próximo ano se mantenham os apoios ao pagamento de rendas habitacionais e não habitacionais, nos casos em que sejam comprovados a queda de rendimentos, em moldes idênticos aos que vigoraram este ano.
"O Orçamento de Estado para 2022 deve prever que seja alocado parte do orçamento na recuperação do património do Estado, para que, posteriormente possa ser dada especial atenção à habitação acessível para os jovens e para os mais desfavorecidos em todo o país, colocando os imóveis reabilitados a preços acessíveis", aponta ainda o presidente da APEMIP para quem a transferência de verbas para o Instituo da Habitação da Reabilitação Urbana (IHRU), no âmbito de políticas de promoção de habitação, "deve ser reforçada".
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