Romão Lavadinho disse à Lusa que as estatísticas hoje conhecidas dizem respeito a contratos conhecidos e declarados às Finanças, que "anteriormente eram bastante menores", pelo que o aumento de novos arrendamentos, segundo dados oficiais, "pode não refletir realidade nenhuma".
"Há muitos contratos informais, mas mesmo os formais, muitas vezes, não são entregues" nas Finanças, afirmou, admitindo que o número de arrendamentos declarados tem, "possivelmente", aumentado devido a maiores mecanismos de controlo.
Os novos contratos de arrendamento de casas no concelho de Lisboa, no primeiro semestre deste ano, foram 9.065, um recorde desde pelo menos 2017, desde quando há registos, segundo dados oficiais publicados no portal LXhabidata, que foi apresentado hoje, relativos aos 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa (AML).
Os 9.065 novos contratos na cidade de Lisboa (31% do total de toda a AML) no primeiro semestre sucedem a 7.968 no semestre anterior (o segundo de 2020) e comparam com os 6.841 celebrados no mesmo período do ano passado (janeiro a junho), segundo os dados do INE publicados no LXhabidata. Os dados mais antigos inseridos na plataforma são de 2017.
Segundo o presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses, o aumento do número de contratos de arrendamento em Lisboa não significa "que os inquilinos estejam satisfeitos com a situação", sublinhando o aumento dos preços, como revelam dados europeus, e o elevado peso da despesa com as rendas das casas no rendimento dos inquilinos, para que apontam as estatísticas também publicadas hoje no portal LXhabidata.
Na cidade de Lisboa, "a renda mediana dos arrendamentos realizados no 2.º semestre de 2019 [os dados mais recentes], corresponde a 80% do rendimento mediano das famílias do concelho em 2019" e, "mesmo na freguesia com preços mais baixos, Santa Clara, a taxa de esforço é de 59%", segundo as coordenadoras do LXhabidata, citadas numa nota divulgada a propósito do lançamento da plataforma.
Estes indicadores revelam, para Romão Lavadinho, uma situação "completamente incompreensível", sublinhando que estudos recentes europeus concluíram que, desde 2017, as rendas em Portugal aumentaram 6% ao ano.
Romão Lavadinho insistiu na necessidade de haver mais transparência no mercado de arrendamento, para uma melhor avaliação da situação real, e lembrou que a associação já propôs ao Governo e na Assembleia da República que os contratos sejam entregues nas Finanças e também nas câmaras municipais.
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