Dois projetos portugueses nomeados para Prémio Europeu Mies van der Rohe

Dois projetos portugueses de arquitetura, ambos em Lisboa, estão entre os 40 selecionados para a segunda fase do Prémio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia Mies van der Rohe 2022, anunciou esta segunda-feira a Comissão Europeia, organizadora do galardão.

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Lusa
18/01/2022 07:24 ‧ 18/01/2022 por Lusa

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Arquitetura

 

De acordo com a organização, os dois nomeados portugueses, candidatos à lista de cinco finalistas, são o Palacete Marquês de Abrantes, projeto da autoria do arquiteto Tiago Mota Saraiva (Estúdios Trabalhar com os 99%, CRL, Ateliermob), e o projeto Portas do Mar - Espaço Público e Parque de Estacionamento, de autoria de Carrilho da Graça e de Victor Beiramar Diniz, ambos na capital.

Os dois projetos são candidatos à fase final e o vencedor do prémio - criado para distinguir a mais recente arquitetura contemporânea de excelência - receberá 60 mil euros.

O projeto Portas do Mar - Espaço Público e Parque de Estacionamento, do estúdio de arquitetura João Carrilho da Graça, resulta de um concurso internacional lançado em 2012 pela Câmara Municipal de Lisboa para o projeto Campo das Cebolas/Doca da Marinha.

A intervenção foi feita para transformar uma zona de estacionamento desordenado, na sua origem e durante séculos, com atividade de zona comercial ligada ao porto. O objetivo foi tornar esta área "novamente um espaço aberto, disponível para as pessoas, criando uma praça relativamente vazia, mas com capacidade de uso intenso", na descrição do projeto apresentado ao prémio europeu.

Por baixo da praça, no espaço entre a antiga orla e a muralha do Cais de Ver-o-Peso do século XIX, foi construído um parque de estacionamento com 200 lugares, com iluminação e ventilação naturais.

"Durante as escavações foram descobertos alguns vestígios arqueológicos -- sete barcos, que foram fotografados, registados e desmontados; secções de parede, que foram integradas no parque de estacionamento, e uma escada, que foi feita num dos acessos ao estacionamento", indica ainda a descrição.

Alguns dos elementos descobertos foram mantidos onde foram encontrados, outros foram musealizados e os de menor valor arqueológico foram reaproveitados, tanto na construção de muros como no pavimento da praça, acrescenta.

Quanto ao Palácio do Marquês de Abrantes, na Rua de Marvila, é um edifício público, propriedade municipal, e o projeto nomeado consistiu na instalação de um escritório técnico local de arquitetura, com novos usos para compatibilizar cultura, lazer e moradia.

As instalações do palácio serviram de habitação popular desde o século XX, e continuam a servir de sede de uma das coletividades mais antigas da cidade, a Sociedade Musical 3 d'Agosto, de 1885.

O projeto, em intervenção temporária, "realizou demolições apenas nas construções sem valor arquitetónico, ou que não apresentavam condições de segurança", também segundo a descrição avaliada pelo concurso Mies Var der Rohe.

Criou novas edificações, com uma "escolha de soluções construtivas reversíveis e na utilização de materiais contrastantes", com aplicação de teto falso, instalação de portadas em contraplacado e instalação de novas infraestruturas elétricas e redes de telecomunicações.

Os projetos portugueses foram selecionados para um grupo de 40 nomeados, com obras distribuídas por 18 países europeus: Áustria tem cinco obras, também há cinco de França, cinco de Espanha, três da Bélgica, três da Alemanha, e mais três do Reino Unido.

Foram ainda selecionadas duas da Dinamarca, mais duas da Finlândia, duas da Polónia, e as restantes da República Checa, Grécia, Hungria, Itália, Países Baixos, Noruega, Roménia e Eslovénia.

Os cinco finalistas serão anunciados no próximo dia 16 de fevereiro, e os vencedores do Prémio de Arquitetura e Emergente serão conhecidos em meados de abril, em Bruxelas.

O Mies Award Day, dia dedicado a este prémio europeu de arquitetura, que contará com a cerimónia de entrega dos galardões, realizar-se-á em maio deste ano, no Pavilhão Mies van der Rohe, em Barcelona, Espanha.

No valor de 60 mil euros, o prémio, instituído em 1987 pela Comissão Europeia e pela Fundação Mies van der Rohe, com sede na capital da Catalunha, é considerado um dos galardões de maior prestígio na área da arquitetura.

Globalmente, os selecionados apresentaram propostas nas áreas da habitação, cultura, escritórios, desporto, comércio, edifícios governamentais, transporte e tipologias urbanas.

O Prémio Mies van der Rohe é bienal e distingue projetos de arquitetura construídos nos dois anos que precedem a sua atribuição. Também é entregue um prémio de 20 mil euros a arquitetos no início de carreira.

O projeto do arquiteto português Álvaro Siza Vieira para o antigo Banco Borges e Irmão, em Vila do Conde, foi o distinguido na primeira edição do prémio, em 1988.

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