Prestação do crédito à habitação continuará a subir? "É muito provável"

Natália Nunes, da DECO, explica ao Notícias ao Minuto que a subida da Euribor "implicará um aumento significativo na prestação do crédito habitação cujo contrato se rege por taxa variável".

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Beatriz Vasconcelos
19/12/2022 09:41 ‧ 19/12/2022 por Beatriz Vasconcelos

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crédito à habitação

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu, na semana passada, voltar a subir as taxas de juro, pelo que é "muito provável" que quem tenha crédito à habitação indexado à Euribor veja a prestação subir numa das próximas revisões, explicou Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da DECO, ao Notícias ao Minuto.

"Esta subida [das taxas de juro do BCE] poderá impulsionar a subida da Euribor, sendo que a que a Euribor a 12 meses já está acima dos 2,8%. Assim, quem tem crédito à habitação com taxa variável, e são mais de 90% das famílias, estão e continuarão a sentir as prestações da casa subir dezenas ou até centenas de euros aquando da revisão da sua prestação. E, claro que quem quer contratar novos crédito para adquirir casa irá ter juros mais elevados mais elevadas", explicou Natália Nunes. 

Deste modo, "é muito provável" que as prestações continuem a ser revistas em alta. "Sabemos que tem tiver uma revisão da prestação, por exemplo em dezembro ou janeiro, irá sentir um agravamento significativo da prestação do crédito à habitação".

Natália Nunes explica que, por exemplo, no caso de um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos - com um spread de 1% e com a Euribor a 12 meses - a prestação vai aumentar para 701,33 euros em dezembro de 2022, face aos 449,64 euros em dezembro de 2021. São mais 251,69 euros

"A subida da Euribor implicará um aumento significativo na prestação do crédito habitação cujo contrato se rege por taxa variável. É com esta preocupação que a DECO alerta os consumidores para, em família, olharem para o orçamento e em conjunto reajustar hábitos de consumos, promovendo uma vida financeira mais robusta, preparada para fazer face a imprevistos", acrescenta Natália Nunes. 

Euribor afeta orçamentos das famílias

Os dados da DECO mostram que, desde o início do ano, "as causas das dificuldades [económicas] estavam muito ligadas ao aumento do custo de vida, ou seja, foi o aumento da despesa que contribuiu para agravar os já frágeis orçamentos familiares". 

Contudo, "desde setembro que verificamos que, para além do aumento do custo de vida, surgiu o aumento da Euribor que começa a afetar os orçamentos das famílias, por via do aumento da prestação do crédito à habitação", revela Natália Nunes. 

"Este ano verificámos que, em termos de rendimento, as famílias até final de agosto de 2022 apresentavam rendimentos médios líquidos de 1.100 euros, em setembro esse valor médio rendimento sofreu uma subida de 1.450 euros, valor que se manteve em outubro e novembro", conclui. 

O BCE abrandou o ritmo de subida das taxas de juro, mas avisou que vai continuar a subi-las "significativamente", mostrando-se determinado no combate à inflação, que continua "demasiado elevada".

Este aumento faz com que a principal taxa de juro de refinanciamento fique em 2,5%, o nível mais elevado desde finais de 2008.

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