Gulbenkian assinala centenário de Jorge de Sena com jornada

O centenário do nascimento do escritor Jorge de Sena vai ser assinalado com o lançamento do número 200 da revista Colóquio/Letras, numa conferência a decorrer no dia 14 de janeiro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

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Lusa
11/01/2019 19:45 ‧ 11/01/2019 por Lusa

Cultura

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Para celebrar a chegada ao número 200, a revista Colóquio/Letras, publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian, faz uma homenagem ao escritor Jorge de Sena, que este ano faria 100 anos, com um lançamento marcado por uma conferência, na qual especialistas portugueses e brasileiros repensam, à luz do século XXI, a obra multifacetada do autor de "Sinais de Fogo", segundo informação disponibilizada pela Gulbenkian.

A "Jornada Jorge de Sena" começa com uma intervenção do ensaísta e poeta Nuno Júdice sobre o escritor, na perspetiva de "uma poética total", a quem se segue Ida Alves, professora brasileira de literatura portuguesa, que abordará a perspetiva do "exercício da crítica".

O professor catedrático de estudos ingleses Mário Avelar fará depois segue uma intervenção subordinada ao tema "Sena: tradições estéticas anglo-saxónicas e identidade literária".

Ana Paixão, especialista em literatura comparada e estética musical vai abordar a "arte seniana de música para poema e tecla", enquanto Tania Martuscelli, professora especializada em literatura e cultura dos séculos XX e XXI em língua portuguesa, com foco nas vanguardas, nomeadamente o surrealismo, falará sobre "Jorge de Sena e a Ofélia surrealista".

A jornada retoma da parte da tarde com uma preleção da professora brasileira Gilda Santos sobre o longo exílio de Jorge de Sena no Brasil, a que se segue Jorge Vaz de Carvalho, mestre em literaturas e autor do livro "Jorge de Sena - Sinais de Fogo como romance de formação", que se debruçará sobre o romance "Sinais de fogo", mas na perspetiva da "formação da voz poética".

Jorge Fazenda Lourenço, especialista em línguas e literaturas, com uma dissertação sobre a poesia de Jorge de Sena, de cuja obra é coeditor literário, vai centrar-se no tema "ainda e sempre o exílio de Jorge de Sena".

O poeta, ensaísta e crítico literário António Carlos Cortez revisitará "o lugar da poesia" através de uma comparação entre Sena e Rimbaud.

A conferência conta ainda com intervenções de Gastão Cruz, Fernando J. B. Martinho, Helder Macedo, Isabel de Sena e termina com leituras pelo encenador Jorge Silva Melo.

Jorge de Sena, considerado hoje um dos grandes poetas de língua portuguesa e uma das figuras centrais da cultura do século XX, nasceu em Lisboa, a 02 de novembro de 1919, e morreu em Santa Barbara, na Califórnia, a 04 de junho de 1978.

Poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário, naturalizou-se brasileiro em 1963, durante o seu exílio no Brasil, que durou de 1959 a 1965, ano em que se mudou para os Estados Unidos, para fugir à ditadura militar entretanto instalada no Brasil.

Formou-se em engenharia civil, mas a sua inclinação natural para a literatura levou-o, durante o curso, a escrever poemas, artigos, ensaios e cartas, prática que, aliás, começou aos 16 anos.

Em 1940 publicou, sob o pseudónimo de Teles de Abreu, os seus primeiros poemas na revista Cadernos de Poesia, dirigida por Cinatti, Blanc de Portugal e Tomás Kim, e dois anos depois publicou o seu primeiro livro de poemas, "Perseguição", considerado, na altura, um livro revelador mas difícil.

Jorge de Sena tem também uma obra fecunda em epistolografia, com figuras importantes da literatura portuguesa e brasileira, sendo a sua obra de ficção mais famosa o romance autobiográfico "Sinais de Fogo", adaptado ao cinema em 1995 por Luís Filipe Rocha.

Grande parte da obra do escritor foi publicada postumamente pelos cuidados da viúva, Mécia de Sena.

A revista Colóquio/Letras, que agora chega ao número 200, teve uma primeira série intitulada "Colóquio, Revista de Artes e Letras", que foi publicada entre janeiro de 1959 (n.º 1) e dezembro de 1970 (n.º 61), com direção artística e literária de Reynaldo dos Santos e Hernâni Cidade, e direção gráfica de Bernardo Marques.

Em fevereiro de 1971 a revista voltou a publicar-se, passando a estar subdividida em duas publicações separadas: Colóquio/Artes e Colóquio/Letras.

 

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