Spielberg quer afastar Netflix da corrida aos Óscares. Há quem discorde

O realizador vai expor as suas preocupações relativamente à plataforma de streaming numa reunião da Academia agendada para abril.

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Fábio Nunes
05/03/2019 19:00 ‧ 05/03/2019 por Fábio Nunes

Cultura

Cinema

Não são novas as opiniões de Steven Spielberg sobre a Netflix e outras plataformas de streaming, mas o realizador pode tentar passar das palavras aos atos. Segundo a IndieWire, Spielberg pretende mudar as regras relativamente aos filmes que podem ser nomeados para os principais prémios do cinema.

Para abril está agendada uma reunião da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, a reunião da Board of Governors, que será composta por apenas 54 dos oito mil membros da Academia. E esse será o palco de uma nova demanda do realizador contra plataformas como Netflix.

O ‘timing’ desta decisão de Spielberg não parece ser coincidência. A Netflix conquistou o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro com ‘Roma’ de Alfonso Cuarón e era um dos principais favoritos para ganhar o Óscar de Melhor Filme, o mais cobiçado, e que foi para ‘Green Book’ (um filme que curiosamente foi parcialmente produzido pela Amblin Entertainment de Spielberg).

Já se fala num novo candidato de peso da plataforma para a 92ª edição dos Óscares, como refere o The Hollywood Reporter. Trata-se de ‘The Irishman’, um filme do lendário realizador Martin Scorsese, que vai estrear no outono deste ano e que é apenas um dos exemplos da forte aposta que a Netflix está a fazer, contando com alguns dos principais realizadores e atores nos filmes que vão lançar nos próximos anos.

Razão mais do que suficiente para Spielberg escalar o ‘conflito’ com as plataformas de streaming. Em causa está a breve passagem desses filmes pelas salas de cinema, que estreiam primeiro na Netflix, o que leva o realizador a sugerir que esses filmes devem nomeados para “Emmys e não para os Óscares”.

A Netflix não deixou sem resposta esta intenção de Spielberg e, através do seu Twitter, afirmou que está dedicada em oferecer acesso a filmes a quem nem sempre o pode fazer por questões financeiras ou porque “vive numa cidade sem cinemas”. Também refere que pretende que os realizadores tenham mais possibilidades de “partilharem a sua arte”.

Algo com que muitos parecem concordar. Ava DuVernay escreveu no Twitter que, se esta pretensão de Spielberg se confirmar, a Academia “tenha realizadores na reunião ou leia declarações” de quem, como é o seu caso, “pensa de forma diferente”.

Ben Affleck também frisou à Associated Press que a Netflix está “muito empenhada em contar histórias”. “É muito entusiasmante porque temos a noção que se está a definir o rumo que o cinema e a distribuição vão ter”, acrescentou.

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