Não são novas as opiniões de Steven Spielberg sobre a Netflix e outras plataformas de streaming, mas o realizador pode tentar passar das palavras aos atos. Segundo a IndieWire, Spielberg pretende mudar as regras relativamente aos filmes que podem ser nomeados para os principais prémios do cinema.
Para abril está agendada uma reunião da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, a reunião da Board of Governors, que será composta por apenas 54 dos oito mil membros da Academia. E esse será o palco de uma nova demanda do realizador contra plataformas como Netflix.
O ‘timing’ desta decisão de Spielberg não parece ser coincidência. A Netflix conquistou o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro com ‘Roma’ de Alfonso Cuarón e era um dos principais favoritos para ganhar o Óscar de Melhor Filme, o mais cobiçado, e que foi para ‘Green Book’ (um filme que curiosamente foi parcialmente produzido pela Amblin Entertainment de Spielberg).
Já se fala num novo candidato de peso da plataforma para a 92ª edição dos Óscares, como refere o The Hollywood Reporter. Trata-se de ‘The Irishman’, um filme do lendário realizador Martin Scorsese, que vai estrear no outono deste ano e que é apenas um dos exemplos da forte aposta que a Netflix está a fazer, contando com alguns dos principais realizadores e atores nos filmes que vão lançar nos próximos anos.
Razão mais do que suficiente para Spielberg escalar o ‘conflito’ com as plataformas de streaming. Em causa está a breve passagem desses filmes pelas salas de cinema, que estreiam primeiro na Netflix, o que leva o realizador a sugerir que esses filmes devem nomeados para “Emmys e não para os Óscares”.
A Netflix não deixou sem resposta esta intenção de Spielberg e, através do seu Twitter, afirmou que está dedicada em oferecer acesso a filmes a quem nem sempre o pode fazer por questões financeiras ou porque “vive numa cidade sem cinemas”. Também refere que pretende que os realizadores tenham mais possibilidades de “partilharem a sua arte”.
We love cinema. Here are some things we also love:-Access for people who can't always afford, or live in towns without, theaters -Letting everyone, everywhere enjoy releases at the same time-Giving filmmakers more ways to share art These things are not mutually exclusive.
— Netflix Film (@NetflixFilm) March 4, 2019
Algo com que muitos parecem concordar. Ava DuVernay escreveu no Twitter que, se esta pretensão de Spielberg se confirmar, a Academia “tenha realizadores na reunião ou leia declarações” de quem, como é o seu caso, “pensa de forma diferente”.
Dear @TheAcademy, This is a Board of Governors meeting. And regular branch members can’t be there. But I hope if this is true, that you’ll have filmmakers in the room or read statements from directors like me who feel differently. Thanks, Ava DuVernay. https://t.co/DFBLVWhiJj
— Ava DuVernay (@ava) March 1, 2019
Ben Affleck também frisou à Associated Press que a Netflix está “muito empenhada em contar histórias”. “É muito entusiasmante porque temos a noção que se está a definir o rumo que o cinema e a distribuição vão ter”, acrescentou.