D. Filipa de Bragança não é conhecida da grande maioria dos portugueses e essa é precisamente a razão pela qual Paulo Drumond Braga decidiu dedicar-lhe a sua mais recente obra, 'D. Filipa de Bragança - Lutar Pela Restauração da Monarquia no Portugal de Salazar', editada pela Esfera do Livro.
Em entrevista ao Notícias ao Minuto, o autor revelou que decidiu biografar a infanta “uma vez que desempenhou um importante papel na luta pela restauração da monarquia no Portugal de Salazar”.
D. Filipa alcançou o feito de convencer Salazar a permitir o regresso dos monárquicos exilados a território nacional, o que lhe acendeu a chama da esperança de um apoio por parte do Presidente do Conselho para a reimplantação da monarquia.
Mas Salazar era mais inteligente e “poderá ter receado que um rei não fosse suficientemente maleável”, o que ajuda a justificar o porquê de nunca ter prestado o seu apoio à causa monárquica. Isso e o facto de que a um rei “nunca o poderia descartar, como fez em 1958 com o Presidente da República, Craveiro Lopes”.
Este é o 10.º livro de Paulo Drumond Braga dedicado à família real portuguesa porque, explicou, ao biografar estas personalidades, “tentamos perceber quem eram, com todas as suas grandezas e fraquezas”.
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Para dar corpo às 304 páginas do livro, o autor leu as cartas enviadas por D. Filipa a Salazar, bem como a outras pessoas, e ainda correspondência trocada entre vários elementos do governo do Estado Novo e monárquicos, não esquecendo os jornais da época.
Nas missivas que a infanta escreveu a Salazar, o tom que predomina é de “formalidade, mas D. Filipa deixou transparecer a grande proximidade” com o Presidente do Conselho, o que leva Paulo Drumond Braga a acreditar que a infanta terá “acabado por ter uma paixão sincera por Salazar”.
“Salazar, ao que parece, gostava de despertar sentimentos entre o sexo feminino”, aponta o autor, acrescentando que, “como se costuma dizer, o poder é afrodisíaco”.
Embora tenha podido consultar as cartas escritas por D. Filipa, já as da autoria de Salazar “não chegaram até nós”, à exceção de “uma ou duas” e, por isso, não é fácil ter uma perceção exata daquela que era a postura do Presidente do Conselho para com a infanta.
E esta é uma das grandes dificuldades de quem escreve uma biografia: “captar os verdadeiros traços de uma personalidade”.
Um conhecedor profundo da História de Portugal, Paulo Drumond Braga considera que há uma “desvalorização da História em termos escolares e um desinteresse dos jovens pelo nosso passado”, uma tendência que só poderá ser contrariada com a alteração da forma como se ensina História na escola”.
Quanto ao próximo livro, o autor não quis dar nem uma pista sequer, dizendo apenas que “ainda não está nada decidido a esse respeito”