"Resistir terá sempre um disco seu como banda sonora"
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou hoje a morte do músico e produtor José Mário Branco, dizendo que "resistir, em Portugal, terá sempre um disco [seu] como banda sonora".
© Global Imagens
Cultura José Castelo Branco
Numa mensagem publicada na conta oficial do ministério, na rede social Twitter, José Mário Branco é lembrado como um "nome maior da música portuguesa" e uma "voz de luta e de intervenção".
"[A] Ministra da Cultura lamenta profundamente a morte de José Mário Branco, nome maior da música portuguesa. Voz de luta e de intervenção, o seu legado é intemporal e é património coletivo", acrescentou, na mesma mensagem.
Num comunicado enviado mais tarde, no qual endereça condolências à família e amigos, o Ministério da Cultura refere que José Mário Branco "escreveu e marcou a história contemporânea portuguesa, com voz ativa e braço erguido por um Portugal melhor, mais alerta, mais capaz, mais solidário."
"Com uma carreira longa e um repertório que nunca deixou de dialogar com a tradição musical portuguesa, das cantigas de amigo ao contemporâneo, e com as demais artes, o seu legado alcança um patamar intemporal. A nossa responsabilidade, agora, é honrá-lo continuando a dar voz à sua inquietação", acrescentou o comunicado, que recorda o autor de "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades" como um "jogral moderno, que compôs não apenas canções de intervenção, mas temas que são memória coletiva e património musical português".
Nascido no Porto, em maio de 1942, José Mário Branco é considerado um dos mais importantes autores e renovadores da música portuguesa, a partir do final dos anos de 1960 e em particular dos anos que rodearam a Revolução de Abril de 1974, cujo trabalho se estende também ao cinema, ao teatro e à ação cultural.
Foi fundador do Grupo de Ação Cultural (GAC), fez parte da companhia de teatro A Comuna, fundou o Teatro do Mundo, a União Portuguesa de Artistas e Variedades e colaborou na produção musical para outros artistas, nomeadamente Camané, Amélia Muge, Samuel e Nathalie.
Em 2018, José Mário Branco cumpriu meio século de carreira, tendo editado um duplo álbum com inéditos e raridades, gravados entre 1967 e 1999. A edição sucede à reedição, no ano anterior, de sete álbuns de originais e um ao vivo, de um período que vai de 1971 e 2004.
No ano passado, aquando da homenagem que lhe foi prestada no âmbito da Feira do Livro do Porto, José Mário Branco afirmou: "O que a gente faz é uma gota no oceano do grande caminho da Humanidade".
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