Camané recorda José Mário Branco, "grande compositor e músico fantástico"
O fadista Camané disse hoje à agência Lusa ter ficado "em estado de choque" com a notícia da morte do compositor José Mário Branco, produtor da maioria dos seus discos e "um grande compositor e músico fantástico".
© Camané
Cultura José Mário Branco
Para o fadista, José Mário Branco "era muito mais do que um cantor de intervenção". "O Zé Mário ultrapassou essas barreiras todas porque era, de facto, um grande compositor e músico fantástico", sustentou.
Cada pessoa "que ouve o José Mário, que ouve a sua discografia, é uma descoberta, é uma coisa para a vida", sublinhou.
"Recebi a notícia hoje de manhã, uma chamada da rádio, e foi uma sensação de choque, porque não estava à espera, ninguém estava à espera. Fiquei em estado de choque", sublinhou Camané à agência Lusa, a propósito da morte de "um grande amigo", na noite passada.
José Mário Branco é "um dos melhores compositores e melhores artistas e intérpretes da música portuguesa", enfatizou Camané, sublinhando a "importância extrema" que teve no seu trabalho e na sua carreira.
"Tem uma obra musical incrível, de um bom gosto fantástico", sublinhou, acrescentando o facto de José Mário Branco ter sido produtor de "grandes artistas que têm uma influência incrível na música portuguesa". "Como Zeca Afonso e outros", frisou.
Para o fadista - cujos discos foram todos produzidos por José Mário Branco desde "Uma Noite de Fados" (1995), em que o autor de "FMI" assinou também os arranjos musicais -, não fazia prever a morte do músico, que também foi ator de cinema e teatro, já que este não se encontrava doente.
"Tinha estado com ele há uns tempos e não tinha informação de que estivesse doente", observou o fadista, acrescentando "que nada [fazia] prever este desfecho".
Camané sublinhou ainda os "valores de autenticidade e de verdade" da música de José Mário Branco, admitindo terem-no influenciado "imenso" e terem-lhe dado "uma visão" daquilo que é o seu trabalho.
"Ensinou-me muitas coisas, essas, principalmente, de que o fado vive duma grande autenticidade que é preciso manter, e que a inovação vem de dentro para fora, como ele dizia sempre", ressalvou Camané, visivelmente emocionado.
"Infelizmente, partiu cedo, porque não estava doente e foi uma coisa muito repentina, mas fica a sua obra", sustentou Camané, sublinhando ainda "a influência enorme" que o compositor teve em "toda a gente nova que está a aparecer" na música.
Nascido no Porto, em 1942, José Mário Branco morreu aos 77 anos.
'Camané canta Marceneiro' (2017), que valeu a Camané o prémio de Melhor Disco de Fado da Fundação Manuel Simões, foi o último disco de Camané com produção musical de José Mário Branco.
'Na linha da vida' (1998), 'Esta coisa da alma' (2000), 'Do Amor e dos Dias' (2010) e 'Infinito Presente' (2015) contam-se entre os discos de Camané com produção, arranjos e composições de José Mário Branco.
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