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"Irmão" de uma "fraternidade longa e enormíssima", diz Hélder Costa

Um "irmão" de uma "fraternidade longa e enormíssima" foi como Hélder Costa, encenador e diretor artístico do grupo de teatro A Barraca, definiu José Mário Branco, que morreu a noite passada, em Lisboa, aos 77 anos.

"Irmão" de uma "fraternidade longa e enormíssima", diz Hélder Costa
Notícias ao Minuto

23:05 - 19/11/19 por Lusa

Cultura José Mário Branco

Um "irmão" com "dezenas de anos de trabalhos em comum, de viveres em comum, de colaboração", frisou o diretor de A Barraca à agência Lusa, numa reação à morte do autor de 'Mudam-se os Tempos, Mudam-se as vontades'.

Hélder Costa destacou o trabalho que o compositor e músico nascido no Porto, em 1942, desenvolveu com a companhia de teatro que fundou. Destacou, todavia, a banda sonora que José Mário Branco compôs para a sua peça 'Gulliver', levada a cena no Teatro Cinearte, em 1997.

O encenador disse à Lusa ter ficado "tristíssimo" com a morte do ator, músico e compositor, e "chateado porque os amigos vão desaparecendo".

"Ainda por cima são amigos que fazem falta", enfatizou.

A "única coisa que compensa quando se perde um camarada assim, um artista assim, uma pessoa séria assim, que desaparece", é saber que "acompanho, felizmente, um desgosto que sei que é nacional", indicou Hélder Costa.

José Mário Branco é considerado um dos mais importantes autores da música portuguesa à qual deixa um legado de meio século de trabalho, de inquietação interventiva e de militância,

Nascido em 25 de maio de 1942, no Porto, José Mário Branco foi um renovador da música portuguesa, sobretudo a partir dos anos imediatamente anteriores à Revolução de Abril de 1974, e cujo trabalho se estendeu também ao cinema, ao teatro e à ação cultural.

A obra de José Mário Branco para teatro, porém, não se resume, apenas, à colaboração com A Barraca.

A Comuna - Grupo de Teatro de Pesquisa foi um dos grupos de que José Mário Branco fez parte no final da década de 1970. Para A Comuna compôs, nomeadamente, a banda sonora da peça "A Mãe", de Bertolt Brecht, inspirada em Maximo Gorki, composta por 12 canções, levada à cena em 1978 e em cujo grupo de teatro conheceu a atriz Manuela de Freitas, que viria, depois, a ser a sua companheira.

O Bando é outro dos grupos de teatro com que colaborou. Para a companhia dirigida por João Brites, e que tem sede em Palmela, José Mário Branco compôs 'A vida rompeu', para um poema de Nuno Júdice segundo Raul Brandão.

O tema fez parte da peça 'A Morte do Palhaço', um texto de Raul Brandão e a 37.ª criação de O Bando, com dramaturgia e encenação de João Brites que se estreou, em 1991, no Teatro Maria Matos, em Lisboa.

Foi ainda fundador do Grupo de Ação Cultural (GAC), o Teatro do Mundo, com Manuela de Freitas, e a União Portuguesa de Artistas de Variedades (UPAV).

Compôs também para cinema, para mais de uma dezena de filmes como 'Até Amanhã, Mário', de Solveig Nordlund, e 'Três Menos Eu', de João Canijo, assim como para 'Agosto' e 'Ninguém Duas Vezes', de Jorge Silva Melo, que também interpretou.

'A Portuguesa', de Rita Azevedo Gomes, 'A Raiz do Coração' e 'Rio do Ouro', de Paulo Rocha, são outros filmes que contam com música de José Mário Branco, assim como 'A Confederação', de Luís Galvão Teles.

José Mário Branco compôs igualmente para 'Alfama em Si', de Diogo Varela Silva, filme musical que se encontra em pós-produção.

Em 2018, José Mário Branco completou meio século de carreira, tendo editado um duplo álbum com inéditos e raridades, gravados entre 1967 e 1999.

A edição sucede à reedição, no ano anterior, de sete álbuns de originais e um ao vivo, gravados de 1971 a 2004.

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