Medidas de segurança favorecem 'tetê a tetê' nos museus parisienses

Número restrito de visitantes por dia, horários alterados e distância de segurança acabam por privilegiar visitas aos museus parisienses que abriram hoje portas após quase três meses fechados ao público.

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© REUTERS/Gonzalo Fuentes

Lusa
02/06/2020 17:00 ‧ 02/06/2020 por Lusa

Cultura

Paris

 

"Estas medidas acabam por privilegiar as visitas. Cada um poderá ter uma experiência com conforto, o que é raríssimo nos museus parisienses. É um verdadeiro 'tête a tête' com a pintura", afirmou esta manhã a diretora científica do museu Marmottan Monet, Marianne Mathieu, em declarações à agência Lusa.

Este museu no 16.º bairro de Paris, que contém a maior coleção do mundo de obras de Claude Monet (doadas pelo filho Michel Monet) e fica num palacete do séc. XIX desenhado para acolher as coleções de arte de Paul Marmottan e do seu pai, reabriu hoje as portas às 11:00 com uma pequena fila.

Para entrar no museu é preciso máscara, desinfetar as mãos e aconselha-se a reserva antecipada no 'site' da instituição. Os horários também mudaram para não coincidir com as horas de ponta dos transportes públicos da capital. E, ao contrário do que se passava antigamente, as malas e casacos não ficam no bengaleiro, há um sentido indicado por setas para circular no museu, mas a medida mais importante é mesmo o número reduzido de visitantes por hora.

"As medidas que aplicámos são extremamente rigorosas. A medida mais importante é a redução do número de visitas. Antes de 14 de março [data de encerramento antes de ser decretado o confinamento], o museu chegava a acolher 1.800 visitantes por dia e agora vamos ter, no máximo, 800 visitantes, ou seja, cerca de 100 por hora", indicou Marianne Mathieu.

Dominique, vinda de Vaires-sur-Marne, nas imediações da capital, para estar presente na reabertura do Marmottan Monet, concorda que as medidas em vigor no museu a deixaram bastante à vontade.

"Haver um sentido de circulação é bom, não há muitas pessoas. É bom também poder ter este espaço num museu em Paris. Aliás, não há outra maneira de fazer as coisas atualmente", indicou a visitante.

A falta de contacto com a arte, especialmente a pintura, durante o confinamento levou-a a escolher este museu para a sua primeira visita cultural e a exposição temporária "Cezanne e os mestres - Um sonho italiano" não desapontou.

"A exposição é muita boa, gosto de Cézanne e os paralelos com os outros artistas estão muito bem feitos. Estou a tentar voltar ao ritmo de antes do confinamento nas minhas visitas culturais, mas não há muitos museus abertos", desabafou.

A segunda fase do desconfinamento começou hoje em França e permitiu a muitos museus reabrirem portas, mas ficou ao critério de cada um, consoante a sua dimensão e a sua preparação, quando seria a altura mais indicada para o fazer.

O Museu do Louvre só reabrirá portas a 06 de julho e o Museu d'Orsay a 23 de junho.

No Marmottan Monet, a reabertura estava a ser pensada desde o fim do confinamento a 11 de maio e os meses em que o museu esteve fechado ao público foram de atividade intensa.

"Tivemos de repensar integralmente este ano. Decidimos prolongar a exposição Cézanne até ao final do ano, para poder ser vista por todos. E isso foi um trabalho muito importante. E tínhamos exposições internacionais em Xangai, Bolonha e Nova Zelândia que foram anuladas", explicou Marianne Mathieu.

Setenta das mais de 100 pinturas da exposição dedicada a Cezanne vêm de museus e coleções de todo o mundo o que significou uma negociação com essas entidades, assim como o Marmottan Monet tem obras emprestadas noutros países.

"Todos os museus estão numa situação similar. O objetivo de todos é reabrir as portas e prolongar as suas exposições. Logo, estamos sempre em contacto para nos ajudarmos e para encontrar soluções adaptadas para que todos os projetos sejam garantidos", disse a diretora científica.

O Marmottan Monet é autofinanciado e, tal como Giverny, casa e jardins de Claude Monet, pertence à Academia de Belas Artes. A diminuição no número de visitantes tem um impacto direto nos cofres do museu.

"O ano 2020 é um ano extremamente difícil, mas estamos otimistas. [...] Este é um museu autofinanciado e estamos sempre em equilíbrio orçamental. Este ano, possivelmente não. Mas a Academia de Belas Artes vai continuar a velar para que este ano não seja tão complicado", sublinhou Marianne Mathieu.

O museu vai ainda esta semana retomar as visitas guiadas, com dois grupos de 10 pessoas por hora, entre as 10 e as 11 da manhã, e vai proporcionar mais uma visita noturna por semana, à terça-feira, para além da habitual quinta-feira, fechando assim dois dias às 21:30. O primeiro piso com salas decoradas tal como os Marmottan as deixaram, e que está quase todo fechado, deve reabrir no início de julho.

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