Sem "apoios oficiais" é incomportável manter Teatro Maria Vitória

O empresário do Teatro Maria Vitória, Helder Freire Costa, disse hoje "não ter solução para o teatro sem receber apoios oficiais", por os encargos da sala serem "incomportáveis", devido à pandemia de covid-19.

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Lusa
04/11/2020 23:19 ‧ 04/11/2020 por Lusa

Cultura

Covid-19

 

Em declarações à agência Lusa, Helder Freire Costa frisou não entender o motivo pelo qual o Ministério da Cultura não apoia o teatro, "como apoia outras companhias teatrais profissionais".

A Lusa questionou o gabinete da ministra da Cultura, tendo este respondido que, "como já foi anunciado, o Governo irá aprovar um conjunto de medidas de apoio a vários setores de atividade, onde se incluem, naturalmente, as entidades culturais".

O Teatro Maria Vitória anunciou hoje à tarde ter suspendido os espetáculos, por causa da pandemia de covid-19, e apelou ao apoio estatal, sob pena de ter de fechar de vez.

"Nunca pedimos apoios, sempre vivemos sem qualquer apoio, mas este é o momento em que temos de o exigir", disse o Teatro, em comunicado, alegando que, se a situação não melhorar, "o mais provável é o Maria Vitória fechar as portas definitivamente, e o género da Revista à Portuguesa (pelo menos profissional) terminar de vez".

Considerando que a ministra da Cultura tem sido "inexistente até ao momento", os responsáveis do Maria Vitória apelaram a que Graça Fonseca "atue", sob pena de "ficar ligada" ao fecho desta sala e à extinção do teatro de revista, considerando-o "um dos momentos mais negros da cultura em Portugal".

Helder Freire Costa disse ter encerrado o teatro em 8 de março, quatro dias antes da decisão das medidas excecionais de confinamento para contenção da pandemia, e dez dias antes de o Presidente da República ter decretado o estado de emergência.

O empresário admitiu ter recebido, entretanto, "um pequeno apoio da Câmara Municipal de Lisboa", sem querer precisar o montante.

"Apesar de as medidas oficiais terem permitido a abertura dos teatros em junho, ando no teatro há 56 anos e sei que junho é o mês das Festas da Cidade e uma altura em que as pessoas começam a ir de férias", afirmou, justificando a reabertura mais tardia.

Em 9 de setembro, o Maria Vitória regressou à atividade, com todas as condições impostas pela Direção-Geral da Saúde. Porém, "com os novos apelos ao confinamento e as novas restrições", como o fecho das salas às 22h30, o fecho tornou-se inevitável. "Os espectadores não vão às 'sete e tal' para o teatro", disse.

"Em Espanha há a tradição de espetáculos de teatro à tarde, mas em Portugal não há, e no teatro de revista também não, sobretudo quando o público vinha de vários locais de Portugal e agora não pode fazê-lo", disse o empresário.

"Como não tenho apoio e vivo do público, não posso brincar com as pessoas", acrescentou, sublinhando que o último espetáculo no Maria Vitória se realizou no passado dia 25 de outubro, altura em que a sala já se ressentia da intensificação da epidemia, com menos pessoas na plateia.

'Pare, escute e... ria!' era o espetáculo em cartaz, reposto em setembro passado, com novo elenco. Estreado um ano antes, estivera em cena até ao fecho da atividade, em março.

O Teatro Maria Vitória foi o primeiro surgido no Parque Mayer, em Lisboa. Inaugurado há quase cem anos, em 1 de julho de 1922, com o espetáculo "Lua Nova", antecedeu a abertura das outras salas locais dedicadas à revista, os teatros Variedades e ABC, este já demolido. Antecedeu também a construção do cineteatro Capitólio, que, reabilitado, regressou à atividade em 2017.

Em setembro, o Teatro Maria Vitória foi uma das nove salas de teatro e cinema, que dedicaram a receita dos espetáculos à família do ator Bruno Candé, assassinado em julho.

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