Ministra da Cultura realça "serviço público de excelência" do maestro

"O legado do maestro José Atalaya, que morreu na passada sexta-feira, em Lisboa, representa "um serviço público de excelência na divulgação e promoção da música erudita", afirma a ministra da Cultura numa nota de pesar divulgada hoje.

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Lusa
23/02/2021 14:21 ‧ 23/02/2021 por Lusa

Cultura

José Atalaya

José Atalaya levou "a música onde as pessoas estavam, numa postura pedagógica e didática que quebrou barreiras, criou escola e informalizou o acesso à cultura", escreve a ministra Graça Fonseca.

"Com um percurso pioneiro, o trabalho do maestro José Atalaya foi fundamental para a divulgação da música erudita, que sempre o preocupou e mobilizou, destacando-se, neste aspeto, a criação da Orquestra Clássica IMAVE [Instituto de Meios Audiovisuais da Educação]",lê-se na mesma nota.

José Atalaya morreu na passada sexta-feira, em Lisboa, aos 93 anos, e a sua morte foi divulgada pela família na segunda-feira.

Na reação hoje divulgada, a ministra da Cultura traça o percurso do maestro e compositor, referindo a autoria de José Atalaya da "primeira peça do que pode ser considerado música eletrónica de um compositor português, 'Variantes Rítmicas I sobre 4 sons sinusoidais'", de 1968.

Graça Fonseca recorda os concertos comentados que Atalaya organizou com a Orquestra Clássica IMAVE, de 1966 a 1974, que eram transmitidos pela ex-Emissora Nacional e pela RTP.

Estes concertos chegaram a diferentes palcos e localidades, indo desde o Teatro Nacional de S. Carlos a fábricas ou estabelecimentos de ensino, uma iniciativa que o maestro retomou em 1982, no projeto "Música em Diálogo".

Graça Fonseca refere também que "José Atalaya orientou a publicação da série fonográfica 'Cinco Séculos de Música Portuguesa (1994-1998)', obra patrocinada pela Secretaria de Estado da Cultura, e ainda hoje fundamental para o conhecimento e preservação do património musical nacional".

José Atalaya nasceu em Lisboa, em 08 de dezembro de 1927, e era aluno do Instituto Superior Técnico quando, aos 19 anos, impressionado com o compositor Joly Braga Santos, para o qual o pai lhe chamara a atenção, decidiu dedicar-se à escrita musical.

Discípulo de compositores como Luís de Freitas Branco e Braga Santos, José Atalaya defendia a necessidade de "destruir a barreira entre o público e o artista", e de "informalizar os concertos" de música erudita, sugerindo que deviam ser assistidos "em mangas de camisa", numa inspiração próxima aos célebres "Concertos para Jovens", do maestro e compositor norte-americano Leonard Bernstein.

O velório de José Atalaya realiza-se na quinta-feira, na igreja de Nossa Senhora da Boa-Hora, em Lisboa, entre as 10:00 e as 14:00, seguindo-se o funeral para o cemitério de Barcarena, nos arredores da capital, segundo fonte próxima da família.

Leia Também: José Atalaya. Marcelo enaltece o trabalho na divulgação da música erudita

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