Quase a assinalarem três décadas de existência, os portugueses Moonspell lançaram, na passada sexta-feira, o 13.º álbum. 'Hermitage' é, "musicalmente, um disco mais progressivo, onde o Heavy Metal encontra o gótico, o psicadelismo, a experimentação".
Ao Notícias ao Minuto, o vocalista Fernando Ribeiro descreve este novo álbum como o "disco mais adulto" da banda, "com maior enfoque no contexto humanitário, na crise de valores, na falência da empatia, no facto de não termos querido cumprir com os nossos objetivos mais básicos enquanto espécie 'dominante'". É ainda "um convite a refletir sobre o que e se podemos ainda fazer algo, se deixamos ir até ao fim ou se nos vamos nós embora".
O 'Hermitage' começou a ser produzido em 2017, "num tempo e num mundo diferente". À medida que os anos foram passando, confessa, o álbum foi ganhando "cada vez mais consistência. Foi um processo pacífico, muito virado para o interior da banda, sem convidados, sem muitas pessoas externas ao nosso núcleo duro. Foi desafiante mas recuperador e talvez tenha salvado os Moonspell de um fim prematuro em 2019".
Mais do que um desafio, gravar o 13.º registo da banda durante uma pandemia foi "um privilégio". Para Fernando Ribeiro, "as dificuldades estão aí para ser resolvidas com critério e foi o que fizemos. Tivemos sorte, paciência e sentido de oportunidade. Fomos a Inglaterra no respeito pelas regras do Covid, fomos vítimas como toda a gente da falta de critério e de preparação dos Governos e decisores que tanto têm agravado esta crise, mas não desistimos e conseguimos os nossos objetivos. Gravar em pandemia teve outro sabor".
Os dois primeiros singles - 'The Greater Good' e 'Common Prayers' - têm granjeado "as melhores" críticas que os Moonspell já tiveram, "tanto em termos de imprensa como da base de fãs. Não podíamos, nem desejaríamos melhor".
Questionado quanto à promoção do álbum numa altura em que o país está em Estado de Emergência, o vocalista responde de forma perentória: "Não nos vamos embora sem dar luta". Os Moonspell estão, "como todos, à espera do desconfinamento para irem ao encontro dos fãs".
A cultura, defende Fernando Ribeiro, "apesar de se ter provado como uma das atividades mais seguras em 2020, foi castigada pelo Governo que tem, de facto, um problema em entender a importância dos livros, dos discos, dos concertos ao vivo".
Por isso, a banda tem privilegiado a "criação de muitos conteúdos para encurtar a distância com os fãs e temos estado com eles online, em streaming, a fazermos o que nos deixam para não cairmos fora do radar. A cena musical é um exemplo de resistência e inteligência, talvez um dia a classe política abra os olhos, observe e aprenda com os melhores gestores com capacidade absoluta de logística e de reinvenção que somos nós músicos, agentes, promotores, empresários, técnicos, etc".
A banda assinala, em 2022, um marco emblemático: 30 anos de carreira. Estas foram, como recorda o vocalista da banda, três décadas de "sangue, suor e lágrimas. Uma história de superação com os seus altos e baixos".
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