"Esta descoberta abriu um outro palco no São João, um palco de que dificilmente abdicaremos mesmo que desconfinados e que é um instrumento muito importante para chegarmos ao nosso público e para o fazermos voltar presencialmente ao teatro", afirmou Nuno Cardoso.
Em declarações à agência Lusa, a propósito do fim das celebrações do centenário do TNSJ, que decorrem no fim de semana, o diretor artístico da instituição revelou que em cima da mesa está a possibilidade de virem a ser estudadas "futuras programações mistas", isto é, programações 'online' e presenciais complementares.
"Mas sempre partindo do principio de que o 'online' oferece ao teatro uma complementaridade, não é o teatro", salientou.
Ainda que este segundo confinamento esteja a ser "sublinhado por uma certa tristeza" está a ser, em comparação com o primeiro, "mais tranquilo".
"Já tínhamos desencadeado todos os meios e não tínhamos abdicado desses meios", afirmou Nuno Cardoso, acrescentando que o TNSJ está preparado para "acolher o público da maneira mais segura e proveitosa possível".
"Estamos preparados, como estávamos no anterior confinamento, para iniciar um período de portas verdadeiramente abertas. Agora, também temos consciência e queremos que esse período se inicie com a maior tranquilidade e segurança possível", salientou.
Questionado sobre um balanço da companhia "quase" residente do TNSJ, mesmo com o impacto da pandemia, Nuno Cardoso afirmou que se trata de "uma aposta ganha".
"A companhia quase residente é uma aposta ganha do São João, é uma aposta que tem de ser sempre gerida e defendida com cuidado, mas é o que nos permite toda esta viabilidade e extensão que temos para tocar em públicos", salientou, acrescentando que a companhia permitiu manter as digressões nacionais e internacionais, bem como "o constante diálogo com as escolas".
Para assinalar o fim das comemorações do centenário do edifício-sede, o TNSJ tem preparadas várias iniciativas 'online', entre as quais a estreia de "À Espera de Godot", do encenador multipremiado Gábor Tompa, marcada para as 19:00 de domingo.
Esta produção própria é uma das iniciativas de um programa virtual de dois dias que arranca sábado às 18:00, com uma conversa sobre o espetáculo "Exatamente Antunes" e termina domingo às 22:00 com "O Balcão", espetáculo encenado pelo diretor artístico do TNSJ, Nuno Cardoso.
"A 07 de março [domingo] assinalamos simbolicamente o fim do centenário do Teatro São João, mas o centenário não acaba aqui. Uma efeméride é um jogo sem fronteiras: até ao final de 2021 haverá ainda uma exposição, um colóquio internacional e alguns volumes dos Cadernos do Centenário", descreveu o TNSJ esta semana.
A instituição - que soma ao TNSJ o Teatro Carlos Alberto (TeCA) e o Mosteiro de São Bento da Vitória - convida, ainda, os interessados a instalarem-se na "sala virtual" e a sintonizarem a RTP 2, que, no sábado, às 22:00, transmite "Exatamente Antunes", de Jacinto Lucas Pires.
A peça parte do romance "Nome de Guerra", de Almada Negreiros, e tem como encenadores Cristina Carvalhal e Nuno Carinhas, bem como realização de Pedro Filipe Marques.
O programa de conversas, entrevistas, documentários e espetáculos inclui um convite para uma visita guiada ao TNSJ através de um documentário de Luís Porto que dá a conhecer o edifício centenário, no domingo às 08:00.
No mesmo dia segue-se a apresentação digital de "Válvula", às 10:00, uma criação de António Jorge Gonçalves e Flávio Almada que se "situa algures entre a conferência e o concerto, articulando palavras, desenhos e canções".
Às 16:00 são "servidas" três ceias natalícias, através das quais vão ser conhecidas as vidas de três casais disfuncionais em "Comédia de Bastidores", de Alan Ayckbourn, com encenação de João Cardoso e Nuno Carinhas.
Os bilhetes para os espetáculos têm o valor de dois euros.