Morreu o cineasta francês Bertrand Tavernier

O realizador francês Bertrand Tavernier, autor de "Morte em Direto", "Um Domingo no Campo" e "À Volta da Meia-Noite", morreu hoje, aos 79 anos, na localidade francesa de Saint-Maxime, anunciou o Instituto Lumière, que presidia.

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Lusa
25/03/2021 17:14 ‧ 25/03/2021 por Lusa

Cultura

Cinema

Personalidade cinéfila destacada da cultura francesa, Bertrand Tavernier deixa uma obra "eclética e reconhecida no estrangeiro", que tanto inclui filmes de época como contemporâneos, com especial atenção para temas sociais, escreveu a agência France Presse.

Nascido a 25 de abril de 1941, Bertrand Tavernier apaixonou-se pelo cinema ainda criança, durante o período de convalescença de uma tuberculose.

Essa ligação afetiva à imagem em movimento traduziu-se em múltiplas atividades para lá da realização. Foi divulgador, produtor, argumentista, cineclubista, ensaísta e crítico de cinema.

A cinefilia de Bertrand Tavernier está plasmada, por exemplo, no documentário "Uma viagem pelo cinema francês com Bertrand Tavernier", de 2016, a sua derradeira obra, no qual, ao longo de mais de três horas, o realizador e ex-crítico passa em revista a sua relação com a produção francesa, revisitando dezenas de filmes e cineastas como Jacques Becker e Jean Renoir, Julien Duvivier, Claude Chabrol, Jean-Pierre Melville e Claude Sautet.

Entre os cerca de trinta filmes que assinou constam ainda "O relojoeiro" (1974), "A morte em direto" (1980), "Justiça por conta própria" (1981), "Um domingo no campo" (1984), "La vie et rien d'autre" (1989), "L.627" (1992), "A filha de D'Artagnan" (1994) e "Palácio das Necessidades" (2013).

Em "À Volta da Meia-Noite" (1986), inspirado na vida do saxofonista Lester Young, através da personagem de ficção Dale Turner - que também era um retrato possível do percurso de Dexter Gordon, que protagonizou a obra - Tavernier revisitou gerações de músicos de jazz afro-americanos, que encontravam nas temporadas de trabalho, em França, a aceitação que a segregação dos anos de 1940 e 1950, nos Estados Unidos, não permitia.

Com este filme, Tavernier conseguiu duas nomeações para os Óscares - tendo Herbie Hancock conquistado a de melhor banda sonora - e para os prémios César do cinema francês e os prémios da crítica norte-americana, que conquistou, em diferentes categorias.

Bertrand Tavernier, que trabalhou com nomes como Philippe Noiret, Michel Piccoli, Sophie Marceau e Isabelle Huppert, viu o seu cinema ser premiado nos festivais de Berlim e de Cannes, esteve indicado para os Óscares e recebeu um Leão de Ouro de carreira em 2015, no festival de Veneza.

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