Ministra da Cultura elogia escolha do Côa para expor obra de Cutileiro

A ministra da Cultura elogiou hoje a escolha do território do Côa para a inauguração da exposição "Gravuras Recentes e Outros Riscos", de João Cutileiro, por se tratar de um espaço privilegiado para um trabalho desta natureza.

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Lusa
18/04/2021 16:14 ‧ 18/04/2021 por Lusa

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"Temos de nos aperceber como demorou 25 anos uma exposição de João Cutileiro a chegar ao território do Côa, porque é o lugar certo para termos uma exposição do mestre", sublinhou a ministra da Cultura na cerimónia de abertura da mostra, no Museu do Côa (MC), em Foz Côa, no distrito da Guarda.

A inauguração da exposição, a primeira desde a morte de João Cutileiro, em janeiro, foi também um momento de homenagem a título póstumo ao escultor, assim como ao antigo presidente da Fundação Côa Parque, Bruno Navarro, que morreu subitamente em 30 de janeiro.

"Para além da exposição, é um dia em que fazemos uma homenagem muito sentida a Bruno Navarro e ao mestre João Cutileiro. Trata-se de uma exposição que foi pensada em vida por ambos. Trata-se de um momento especial e convido a uma visita a esta exposição, porque vale muito a pena", disse Graça Fonseca.

Para os promotores da mostra, este é "um momento particularmente emotivo para as equipas envolvidas na sua produção, que assume o sentido de homenagem ao escultor e ao historiador que lhe deram origem".

Levar ao Côa as suas gravuras sobre pedra foi "uma ideia entusiasmante" para João Cutileiro, que tinha um particular fascínio pela produção artística do Vale do Côa.

"Admirava a modernidade, a força e a energia telúrica dos artistas do Côa e a forma como, intencionalmente, riscaram a vida nas pedras", lembrou a curadora da mostra, Ana Cistina Pais.

A exposição "Gravuras Recentes e Outros Riscos" é o último projeto do escultor e, formalmente, o primeiro inteiramente desenvolvido pelo Centro de Arte João Cutileiro, entidade criada para promover a salvaguarda e divulgação do legado do artista, na região de Évora.

Pensada para ser inaugurada em novembro de 2020, aquando de um convite, em 2019, anterior à pandemia, a mostra resultou de uma proposta do antigo presidente da Fundação Côa Parque, Bruno Navarro, que morreu subitamente em janeiro.

Para a presidente da Fundação Côa Parque (FCP), Aida Carvalho, tal como a descoberta do Côa demonstrou a vontade inequívoca do Homem em exibir a arte, renovando a relação do objeto artístico com a comunidade, atualmente, acolher a obra de João Cutileiro define este como um território com "a grandeza indispensável para enlaçar os grandes criadores da arte" nacional e internacional.

"O mestre [Cutileiro] renovou a escultura em Portugal, marcada pela voluptuosidade dos corpos rasgados em pedra, mobilizando uma nova geração de escultores a implementar um novo pensamento, incorporando as noções do volume, do corpo e do espaço público", disse a nova responsável da FCP.

Nas galerias e átrio do Museu do Côa estão expostas 64 peças de um trabalho marcado pela forte presença da imagem feminina e o "Cavalo Inacabado", uma peça de uma coleção particular da autoria do mestre Cutileiro e que pesa mais de três toneladas.

A exposição foi inaugurada hoje, data em que se assinala o Dia Internacional do Monumentos e Sítios, e estará patente no MC até ao dia 26 de setembro.

Como há 30.000 anos, no Côa, também João Cutileiro tem a vida gravada na pedra, a sua matéria primordial.

"O corpo do homem entregue à matéria e as máquinas de corte como extensão das mãos. E riscar, desenhar, pensar. Gravuras sobre pedra, desenhos sobre papel e um conjunto de guerreiros foram selecionados em estreita ligação com o escultor", pode ler-se no catálogo da exposição.

A FCP, que tutela o Museu e o Parque Arqueológico do Vale do Côa, assumiu desde a sua constituição a missão de proteger, conservar, investigar e divulgar a Arte Rupestre, classificada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1998, como Património da Humanidade.

Leia Também: PRR. Ministra destaca investimento no património após décadas de espera

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