O artista plástico português Julião Sarmento morreu, na manhã desta terça-feira, aos 72 anos, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, avança o Expresso.
O artista plástico e pintor acabou por não resistir a um cancro, tendo perdido a vida por volta das 7h00 de hoje.
Julião Sarmento, natural de Lisboa, começou por estudar pintura e arquitetura na Escola de Belas Artes de Lisboa.
Rapidamente, tornou-se num artista interdisciplinar, sendo que, ao longo da sua carreia, destacou-se nas áreas da pintura, fotografia, desenho e multimédia.
Julião Sarmento representou Portugal na Bienal de Veneza, em 1997, marcou presença na Documenta 7, em 1982, na Documenta 8, em 1987, e na Bienal de São Paulo em 2002. O artista português foi alvo de uma reconhecida exposição pela Tate Modern, em Londres, em 2011, e, um ano depois, o Museu de Serralves, no Porto, organizou a mais completa retrospetiva até hoje realizada do seu trabalho.
No ano passado, editou um livro de fotografia intitulado 'Café Bissau', uma obra que reunia imagens captadas entre 1964 e 2017.
O trabalho desenvolvido por Julião Sarmento encontra-se exposto de Norte a Sul do país e em cidades como Madrid, Tóquio, Nova Iorque ou Bolonha, e foi galardoado com vários prémios como o IL Lazio, em Itália, ou o AICA de artes visuais.
Uma "figura central da arte portuguesa desde os anos 1970"
A Galeria Cristina Guerra divulgou também um comunicado, no qual confirmou a morte do artista, "com enorme tristeza", apontando-o como uma "figura central da arte portuguesa desde os anos 1970".
Julião Sarmento "foi o primeiro artista da sua geração a alcançar um amplo reconhecimento internacional, expondo em inúmeros museus e eventos de prestígio", e "afirmou-se como um dos grandes interpretes e pensadores no contexto da arte, e a sua vida e obra refletem uma dedicação total ao meio artístico e à arte contemporânea", sublinha a galeria.
No seu trabalho, combinava vários suportes, desde a pintura, a fotografia, o desenho, o vídeo, o som e a performance.
"Possuidor de uma obra abrangente, cobrindo um vasto leque de meios, dotado de uma grande erudição e de uma capacidade de incluir uma amplitude de referências culturais, desde as mais populares às mais eruditas tendências contemporâneas da literatura, filosofia e cinema", recorda a galeria, no texto.
Além de ter representado Portugal na Bienal de Arte de Veneza de 1997, foi convidado ainda a participar nas edições de 1980 e 2001 deste certame, e noutras exposições internacionais como a Documenta, em 1982 e em 1987, e na Bienal de São Paulo, em 2002.
Julião Sarmento "pugnou durante toda a sua longa carreira, por apresentar ao público um trabalho de cariz experimental, com um desejo profundo de reflexão sobre o seu tempo".
"Dotado de uma invulgar capacidade de estabelecer amizades duradouras no mundo da arte internacional, afirmou-se desde cedo, como grande embaixador do meio artístico nacional junto da comunidade internacional, sendo inúmeros os artistas, curadores, colecionadores e galerias em Portugal e no estrangeiro que beneficiaram da sua generosa amizade e dedicação", sublinha a Galeria Cristina Guerra, que o representava.
A galeria acrescenta ainda que o desaparecimento do artista, nascido em Lisboa a 4 de novembro de 1948, "deixa uma enorme dor e vazio" no meio cultural.
Várias vezes distinguido, Julião Sarmento recebeu a Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 1994, a Medalha de Prata de Mérito Municipal, de Sintra, em 1997, o Prémio Universidade de Coimbra, em 2009, bem como o prémio de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte -- Secção Portuguesa, em 2012, e o Prémio de Artes Casino da Póvoa, em 2013, segundo a lista de prémios que consta do 'site' do artista.