Paulo Gaio Lima: "O músico completo e generoso" recordado pelos pares
O violoncelista Paulo Gaio Lima, que morreu na segunda-feira, em Lisboa, aos 60 anos, era "um músico completo, (...) generoso em toda a sua essência", que os seus pares recordam como "um dos maiores" da música portuguesa das últimas décadas.
© Facebook / Paulo Gaio Lima
Cultura Paulo Gaio Lima
A Orquestra Clássica da Madeira, na sua página, lembra "com gratidão (...) o ser humano elevado, artista e professor, com uma carreira absolutamente extraordinária, músico completo, de fácil trato, generoso em toda a sua essência". "O seu amor pela vida, pela música, pelos colegas e pelos alunos foi e será um exemplo", conclui a orquestra do Funchal.
Para a Metropolitana, a que Paulo Gaio Lima esteve ligado, como violoncelo solista e como professor da sua academia, perdeu-se "um músico 'gigante', que fez parte [da orquestra] desde a sua fundação", em 1992.
A Filarmonia das Beiras, por seu lado, recordou "o violoncelista ímpar (...), a sua generosidade, todo o seu amor pela música", numa publicação no Facebook, enquanto a Orquestra Nacional de Jovens considera Paulo Gaio Lima "um dos mais brilhantes músicos portugueses de sempre".
O Museu Nacional da Música, numa publicação nas redes sociais, recordou o recital do violoncelista, nas suas instalações, no Dia Mundial da Música de 2015. Na altura, Paulo Gaio Lima tocou o Stradivarius de 1725 "Chevillard/Rei de Portugal", um dos tesouros nacionais da coleção do museu. O recital coincidia com os cem anos da violoncelista Madalena de Sá e Costa, sua antiga professora que, no final, o saudou: "Foste extraordinário, Paulo!"
A Escola de Música do Conservatório Nacional também manifestou o "mais profundo pesar pela morte do músico, professor, maestro, mas sobretudo amigo, Paulo Gaio Lima (...) um enorme músico e professor".
O musicólogo Rui Veira Nery, numa publicação na sua página no Facebook, recorda "um dos maiores músicos portugueses das últimas décadas".
"Faltam-me as palavras para expressar toda a admiração e todo o carinho que o Paulo desde sempre inspirava no mundo da Música portuguesa, como solista e professor extraordinário, mas também como um homem profundamente bom. (...) Não merecíamos esta sua partida", escreveu Vieira Nery.
O compositor António Pinho Vargas, que teve em Paulo Gaio Lima um dos seus mais privilegiados intérpretes, recordou o "grande músico" e "querido colega", no corpo docente da ESML. "É das suas mãos o grande som do violoncelo de 'Monodia - quasi un requiem'", na gravação editada pela EMI/Warner.
A Casa da Música também já tinha manifestado, na noite de segunda-feira, "o mais profundo pesar" pela morte do "violoncelista de excepção".
Nascido no Porto, em 1961, Paulo Gaio Lima foi aluno de Madalena Sá e Costa, no Conservatório de Música desta cidade, e de Maurice Gendron, no Conservatório Superior de Paris, onde viveu durante sete anos.
Professor da Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) e da Academia Nacional Superior de Orquestra, do universo da Orquestra Metropolitana de Lisboa, de que foi violoncelo solista, Paulo Gaio Lima fez igualmente parte do Quarteto Verdi de Paris e do Artis Trio.
Em 1987, foi violoncelo-solo convidado da Orquestra Sinfónica do Reno, na Alemanha.
Apresentou-se regularmente em festivais de música em Portugal e além-fronteiras, e com orquestras em toda a Europa, de Lisboa a Moscovo, e de outros continentes, da China ao Brasil. Foi também um intérprete privilegiado de música contemporânea e das suas formações, como Alternance, L'Itinéraire, Poikilon, Divertimento di Milano e o Grupo Música Nova, de Cândido Lima.
Fez a primeira audição de obras de compositores como Pascal Dusapin e Philippe Hersant.
Gravou em disco concertos de Luigi Boccherini, o Triplo Concerto de Beethoven, com o violinista Geraldo Ribeiro e o pianista Pedro Burmester, obras de Brahms e Schumann, assim como peças do repertório português de música de câmara.
Foi intérprete de António Pinho Vargas, Carlos Marecos, Cláudio Carneyro, Joly Braga Santos, entre outros compositores.
A sua atividade pedagógica, sempre presente no seu percurso, expandiu-se igualmente às Universidades de Évora e do Minho e a cursos de aperfeiçoamento em Portugal, Espanha, França, Brasil, Áustria e Estados Unidos da América.
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