A 74.ª edição do Festival de Cinema de Cannes começa esta terça-feira. Antes do primeiro filme ser exibido, houve uma conferência de imprensa onde estiveram todos os membros do júri deste ano, que é presidido por Spike Lee.
A conferência de imprensa ficou marcada por algumas declarações de Lee sobre os líderes mundiais e sobre o racismo, de acordo com o The Hollywood Reporter.
Ao responder a uma pergunta emocionada de uma jornalista georgiana sobre a opressão que a Rússia impõe no seu país, o realizador criticou Vladimir Putin, mas também Donald Trump e Jair Bolsonaro.
“Este mundo é liderado por gangsters – o Agente Laranja (é assim que Spike Lee se refere a Trump), o tipo no Brasil e Putin. São gangsters, e vão fazer o que querem fazer. Não têm moral nem escrúpulos. E nós temos de falar contra gangsters como eles”, vincou Spike Lee.
O realizador, que usava um chapéu com a data 1619 - o ano em que os primeiros africanos que foram escravizados chegaram à Virgínia então colonizada pelos ingleses - falou ainda sobre um dos seus filmes que foi ignorado pelo Festival de Cannes, ‘Do the Right Thing’ de 1989.
Lee frisou que não tem sentimentos negativos relativamente ao festival e lamentou que 32 anos depois ‘Do the Right Thing’ ainda seja tão atual e relevante, lembrando os casos de racismo e de violência policial nos Estados Unidos.
“Quando vemos o irmão Eric Gardner, quando vemos o rei George Floyd, assassinados, linchados, penso em Radio Raheem (personagem de ‘Do the Right Thing’ que é estrangulada por um polícia). Seria de pensar e de esperar que 30 e tal anos depois, os negros deixariam de ser perseguidos como animais. Por isso estou feliz por estar aqui”, disse o realizador.
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