'Listen' e 'Mosquito' os mais distinguidos nos prémios de cinema Sophia

Os filmes 'Listen', de Ana Rocha de Sousa, e 'Mosquito', de João Nuno Pinto, foram os mais premiados, no domingo, nos prémios de cinema Sophia, numa cerimónia em que se apelou aos espectadores para que vejam cinema português.

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© Global Imagens

Lusa
20/09/2021 06:36 ‧ 20/09/2021 por Lusa

Cultura

Prémios Sophia

 

Na décima edição dos prémios atribuídos pela Academia Portuguesa de Cinema, "Listen" de Ana Rocha de Sousa conquistou cinco Sophia, nomeadamente o de Melhor Filme, de Melhor Realização e de Melhor Atriz, para Lúcia Moniz.

"Agradeço a todas as pessoas que me têm amado, acompanhado e protegido. Agradeço a todos o que não o fizeram, que me criticaram e me ajudaram a ser melhor. Aprendi que não precisamos de conquistar todos. Precisamos é de descobrir aquilo que queremos fazer", disse a realizadora no discurso de agradecimento.

"Listen", primeira longa-metragem de ficção de Ana Rocha de Sousa, é um drama sobre uma família portuguesa emigrada em Londres que luta por recuperar a tutela dos filhos, injustamente retirada por alegados maus-tratos.

O filme venceu vários prémios no Festival de Veneza de 2020, entre os quais o "Leão do Futuro".

Rodrigo Areias, produtor sedeado em Guimarães e coprodutor de "Listen", agradeceu o prémio de Melhor Filme à organização: "Agradeço à academia que, ao contrário do coletivo de juízes do Tribunal Constitucional, não acha desprestigiante que ele [o prémio] siga para norte".

"Mosquito", filme de João Nuno Pinto que partia para esta edição com 13 nomeações, arrecadou seis galardões, entre os quais o de Melhor Ator, para João Nunes Monteiro, e o de Melhor Ator Secundário, atribuído a título póstumo a Filipe Duarte.

O filme "Ordem Moral", de Mário Barroso, que somava dez nomeações, recebeu dois prémios: de Melhor Banda Sonora Original, composta por Mário Laginha, e Melhor Maquilhagem e Cabelos, para Ana Lorena e Natália Bogalho.

Destaque ainda para Alexandra Ramires, que venceu o Sophia de melhor animação com "Elo", e para o realizador Bernardo Lopes, que venceu o Sophia de Melhor Curta de Ficção, com "Moço", e um dos prémios revelação Nico.

"Amor Fati", de Cláudia Varejão, foi considerado o melhor documentário em longa-metragem e "Terranova", de Joaquim Leitão, a melhor série televisiva.

Este ano, pela primeira vez, a Academia Portuguesa de Cinema atribuiu o prémio de Melhor Filme Europeu, numa votação entre vários críticos e especialistas, tendo vencido "J'Accuse - O oficial e o espião", de Roman Polanski.

Este prémio foi recebido por Pedro Borges, que distribuiu o filme em Portugal, recordando que a obra de Polanski esteve poucas semanas em sala, por causa da pandemia da covid-19.

"Vivemos num país em que praticamente não há cinemas independentes e era bom começarmos a pensar nesse problema, entre aqueles que fazem o cinema, porque a nível oficial isso parece não ser considerado", disse Pedro Borges.

A atriz e encenadora Maria do Céu Guerra e o ator Sinde Filipe foram galardoados com o prémio Sophia de carreira.

Ao longo da cerimónnia dos Sophia foram feitos várias apelos, nomeadamente do presidente da academia, Paulo Trancoso, e de Maria do Céu Guerra, para que os portugueses retomem o hábito de ir ao cinema e que vejam, em particular, cinema português.

Quando recebeu o prémio de Melhor Ator, pela prestação em "Mosquito", João Nunes Monteiro aproveitou para deixar um agradecimento sentido a estruturas que surgiram durante a pandemia, nomeadamente a União Audiovisual e a Ação Cooperativista, "que defendem e lutam para a dignificação" do setor cultural, "que é precário e negligenciado".

Na plateia, condicionada por causa da pandemia, estiveram sobretudo nomeados e algumas personalidades relacionadas com o setor, nomeadamente da direção da Cinemateca Portuguesa, do Instituto do Cinema e Audiovisual e o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva.

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