"Estamos conscientes de que não vamos reconstruir o Museu Nacional, como tem de ser, sem a ajuda internacional, em especial de Portugal", afirmou o diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Alexander Kellner, aos jornalistas, frisando que o projeto de futuro museu não é uma questão financeira.
"O maior entrave e a maior preocupação de quem está no projeto não é a questão financeira, mas sim o acervo e é por isso que estou aqui", sublinhou.
O diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro falava na Lourinhã, no distrito de Lisboa, onde hoje visita o museu do Grupo de Etnografia e Arqueologia da Lourinhã (GEAL) e o Dino Parque, onde estão expostos achados paleontológicos.
Nesta viagem a Portugal, o responsável pelo museu brasileiro desloca-se ainda a Coimbra, ao Porto e ao Museu de História Natural e da Ciência, da Universidade de Lisboa, em Lisboa.
"Espero que possa angariar bastante suporte com esta viagem que estou a fazer e, em 2022, desde que a pandemia o permita, pretendo intensificar estas viagens para outros países", disse Kellner.
O responsável adiantou que já recebeu doações de espólio de instituições da Alemanha, Áustria, Inglaterra, Estados Unidos da América e França, sensibilizando as instituições portuguesas a seguir o mesmo caminho.
"Todos sabemos a história que nos une. No bicentenário da independência brasileira, é um momento propício para conversar", afirmou Alexander Kellner, que admitiu que a parceria poderá passar por "ações de empréstimo de longa duração".
"Os museus têm milhões de exemplares, muitos dos quais ficam nos porões. Em vez de ficarem no porão, podem ficar expostos no Brasil e eu acho que tanto o Brasil, como Portugal ficam mais bem servidos", frisou.
A reconstrução do novo Museu Nacional do Rio de Janeiro é um investimento de 380 milhões de reais [cerca de 59 milhões de euros], dos quais já têm garantidos 65%, e deverá ficar concluída em 2026, estimou, depois de várias aberturas faseadas até lá, sendo a primeira a dos jardins do museu, em 2022.
Para Kellner, o Brasil quer demonstrar que "aprendeu, que [o incêndio] não vai acontecer de novo, porque este abandono da Cultura não foi bom para o país e deve servir de exemplo para todos os países do mundo".
O projeto do novo museu está alicerçado nas "melhores normas de segurança para visitantes e técnicos e para o novo acervo", como condição para o "Brasil merecer estas novas coleções", acrescentou.
Na Lourinhã, as instituições locais, "desde o primeiro momento, disseram que estariam presentes e disponíveis para colaborar, dentro das disponibilidades do seu espólio", afirmou Vital do Rosário, presidente do GEAL.
"Temos algum espólio que foi descoberto no Brasil e que está cá para ser preparado. Era uma oportunidade de devolvermos este património às origens, o que é muito bem visto na comunidade científica", exemplificou o responsável.
Com mais de 200 anos, o Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais antigo património do Brasil, foi reduzido a escombros no dia 02 de setembro de 2018 por um incêndio que destruiu grande parte de seu acervo de 20 milhões de peças.
O prédio histórico, que inicialmente serviu como palácio imperial do Brasil, abrigava o maior museu de história natural da América Latina e um dos cinco maiores do género, no mundo.
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