"Acredito que talvez não cheguemos aos 30 mil, que é o número anterior à pandemia, mas que possamos rondar os 20 mil visitantes em todas as estruturas", previu à agência Lusa a diretora dos Museus de Cabo Verde, Samira Baessa.
As estatísticas ainda não estão fechadas, mas a responsável esfrega as mãos de contente, já que se em 2019 havia oito estruturas, este ano já são 10 museus a receber visitantes, com a abertura da 'Casa da Morna Sodad', em São Vicente, e da 'Casa Museu Eugénio Tavares', na Brava.
"Tendo em conta o contexto, se atingirmos a cifra de 20 mil visitantes seria um número bastante satisfatório", insistiu a mesma fonte, que sustenta o seu otimismo com o facto de as condições sanitárias estarem a melhorar paulatinamente no país.
"À medida que o contexto sanitário melhore, também vamos ter maior número de visitantes nos museus e que toda esta dinâmica turística com a retoma também vai refletir em termos de afluência do público", afirmou Samira Baessa.
Em 2019, os museus de Cabo Verde receberam cerca de 32.000 visitas, físicas, tendo no ano passado, devido às restrições impostas pela pandemia da covid-19, recebido menos de 4.000 visitas, uma redução de quase 90%, segundo os dados do Instituto do Património Cultural (IPC).
Todas as estruturas museológicas, distribuídas pelas ilhas de Santiago, Sal, Brava, São Nicolau e São Vicente, receberam 7.899 visitas em 2020, mas só 3.656 foram físicas e as restantes virtuais consequências da pandemia.
A diretora dos Museus de Cabo Verde lembrou que o setor da cultura foi um dos mais afetados pela crise pandémica, e, por pressupor aglomeração de pessoas, essas estruturas estiveram que encerrar e refazer e repensar as suas atividades.
"Estiveram praticamente três meses de portas fechadas, onde tivemos de reinventar para estarem mais próxima da população, com visitas virtuais, e tivemos uma boa afluência de visitantes nesse período de confinamento", realçou.
E neste momento, segundo a diretora, começa-se a assistir uma espécie de retoma dos visitantes, sobretudo dos turistas estrangeiros e dos navios de cruzeiros que chegam aos portos cabo-verdianos.
Mas antes de voltar a abrir as portas, Samira Baessa frisou que foi realizado um trabalho de reorganização dos serviços, para cumprirem com as exigências sanitárias, como o distanciamento físico, o limite de pessoas, álcool gel à entrada e uso de máscaras.
"E depois começámos a trabalhar um novo programa de divulgação dos museus, através de maior presença dos conteúdos nas redes sociais, mas também a apresentação de conteúdos que podem atrair diversas categorias de público, com os estudantes", apontou.
Para a responsável, a dinâmica registada traz um "alento especial" para os museus de Cabo Verde, que querem também melhorar os conteúdos em termos de apresentação e acessibilidade.
"Ultimamente, estamos a apostar nas novas tecnologias, para que os museus se tornem instrumentos cada vez mais acessíveis a diferentes categorias de públicos", sustentou, nas declarações à Lusa.
Museu do Mar e Núcleo Museológico Cesária Évora (São Vicente), Museu Etnográfico, Norberto Tavares, da Tabanca, Campo de Concentração do Tarrafal (Santiago) são algumas das outras estruturas museológicas que podem ser visitadas em Cabo Verde.
Entretanto, os horários de funcionamento têm merecido algumas críticas, por serem praticamente paralelos aos da função pública, deixando pouca margem de visita para os nacionais e também para os turistas, sobretudo aos fins de semana.
A diretora disse estar ciente das críticas e dessa lacuna, mas garantiu que o horário está a ser reorganizado para tentar que os museus estejam abertos o maior tempo possível, permitindo, por exemplo, que as pessoas possam ter um tempo para visitar os museus que não seja no horário de trabalho.
Neste momento, disse que todos estão a funcionar aos sábados, até às 13:00, enquanto uns até mesmo às 15:00 outros, e o Campo de Concentração do Tarrafal já chegou a abrir aos domingos.
"Temos várias estruturas e isso pressupõe também que possamos ter mais pessoas a trabalhar nos museus para que possamos ampliar esse horário. É algo que não está excluído e vamos trabalhar nesse sentido", garantiu Samira Baessa, referindo que quando há navios de cruzeiros todos os museus abrem aos domingos, numa articulação feita com as agências de viagens e turismo.
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