O óleo sobre tela de 1905, que representa o maestro Augusto Machado (1845--1924), é "uma importante doação que enriquece o núcleo de retratos realizados por Columbano Bordalo Pinheiro", segundo diretor do MNAC (1914-1929) e destacado artista nacional dos séculos XIX e XX.
Doada ao MNAC em 2021 por Maria Constança Machado Pinheiro da Fonseca, a obra, que representa uma figura destacada da musicologia nacional, vai ser apresentada ao público na Ala Capelo Norte, na quarta-feira, às 17:30, segundo uma nota do museu.
O retrato "integra-se numa das fases mais significativas do autor, no início do percurso de retratista de reconhecido mérito, especialmente a partir de 1904, determinado em criar um inventário de espíritos da intelectualidade portuguesa", contextualizou a curadora Maria de Aires Silveira num texto sobre a doação.
Nesta obra, surge evidenciado o rosto de Augusto Machado num fundo escurecido, tratado em mancha, "captando a sua melhor expressão, perante a influência do sujeito, frase escrita por Columbano e reveladora da sua técnica, após inúmeras sessões de convívios animados com os retratados".
"Um foco de luz incide neste rosto e cria jogos tonais, em planos cruzados, estabelecendo pontos de tensão cromáticos que revelam a sua modernidade. Torna-se fascinante a observação das características da personalidade de Augusto Machado que tal como outros retratos do artista, colocam Columbano no centro do retrato, elegendo-o como o pintor de almas", assinalou a curadora.
Augusto Machado, que estudou em Portugal, França e Itália, integrava-se em círculos intelectuais da época, era amigo de Eça de Queirós e Jaime Batalha Reis, e nesse meio terá conhecido Columbano.
A sua mais conhecida ópera, "Lauriane", estreou em Marselha, no Grand Thêatre, em 1883. O autor assinou ainda, entre outras, a ópera em concerto "Tição Negro", em registo cómico, recentemente apresentada no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, as operetas "A guitarra", em 1877, "Os filhos do Capitão Mor", de 1896, e uma ode a Camões e os Lusíadas, em 1880.
Apresentou-se no Teatro Lírico do Rio de Janeiro e Teatro Nacional de São Carlos, onde permaneceu como coadministrador, de 1889 a 1892, tendo sido ainda diretor e professor na Escola de Música do Conservatório Nacional e membro do Conselho Superior de Instrução Pública.
Produziu também música de cena e bailado, música de câmara e para piano e música sacra.
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