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Peça que questiona o que é e para que serve a memória em Viana do Castelo

O Teatro do Noroeste - Centro Dramático de Viana vai estrear, quarta-feira, uma peça inspirada na obra de Agustina Bessa-Luís dirigida às crianças, que quer também envolver os adultos na reflexão sobre o significado e a finalidade da memória.

Peça que questiona o que é e para que serve a memória em Viana do Castelo
Notícias ao Minuto

16:00 - 18/02/22 por Lusa

Cultura Teatro

O espetáculo "Memória, Memória, Começou a História!", hoje apresentado à imprensa, é uma cocriação do encenador Graeme Pulleyn e dos intérpretes Alexandre Calçada, Alexandre Martins, Ana Perfeito, Chico Pires e Tiago Fernandes, a partir da obra "A Memória de Giz", de Agustina Bessa-Luís.

Em declarações aos jornalistas, no final do ensaio para a imprensa do espetáculo, na sala principal do Teatro Sá de Miranda, o encenador Graeme Pulleyn, que desde 2015 colabora com a companhia de Viana do Castelo, explicou que o texto de Agustina Bessa-Luís "é muito desafiante" pela "complexidade", mas tem "também muita magia, imensa fantasia, e um lado surreal, de humor negro, satírico muito aguçado e divertido".

"Tentamos criar um espetáculo que não só é para as crianças, como tem várias camadas de brincadeira, no sentido sério. A sátira serve para nos fazer pensar, para nos fazer refletir sobre as temáticas da peça que são, precisamente, as questões da memória. Para que servem as memórias. Porque é que precisamos de memórias. O que são memórias e o que é que é alguém que, pelo menos por um momento, acha que não precisa das memórias para nada. Que as pode dispensar", questionou Graeme Pulleyn.

No ano em que se assinala o centenário do nascimento de Agustina Bessa-Luís, a 149.ª criação do Teatro do Noroeste -- Centro Dramático de Viana (CDV) vai estrear-se, na quarta-feira, às 09:30, na sala principal do Teatro Municipal Sá de Miranda para um público constituído por mais de 200 alunos do concelho.

"O Giz é um rapaz que se porta mal, mas ao mesmo tempo é extraordinário. Tem a capacidade de se lembrar de tudo, mas acha que não faz falta", referiu, acrescentando que a metáfora serve para generalizar: "Porque nos lembramos das coisas e porque é importante lembrarmo-nos de onde vimos e o que é que é efetivamente importante na nossa vida".

Além de um "desafio lançado às crianças e aos seus educadores, professores e pais", a peça de teatro, observou o encenador, pretende ajudar a "encontrar formas de olhar a identidade".

"É um momento que faz surgir muitas perguntas. Não é um momento para dar respostas, para ensinar a moral da história, mas para celebrar a vida. O momento que estamos a viver agora daqui a pouco será uma memória, que pode ser quentinha ou dura, mas deve ser vivida com toda plenitude, força e paixão", referiu.

Questionado sobre o impacto da pandemia da covid-19 na memória futura das crianças, o encenador disse que, apesar do "presente doloroso, inseguro, e aflitivo", é "importante não deitar tudo fora" e refletir sobre que "memórias [se quer] guardar e que novas memórias [se vão] criar".

"A pandemia tirou-nos o chão. [...] Agora, pouco a pouco, começamos a voltar a falar de um futuro e que futuro será este. Para sabermos para onde vamos, temos de saber de onde vimos", referiu.

A atriz e cocriadora Ana Perfeito explicou que a construção da peça foi um exercício "muito enriquecedor" que, partindo de um texto da autora que morreu em 2019, criou "um texto completamente novo".

"Todos nós participámos, brincámos muito a sério. Experimentámos. Algumas coisas deitámos fora, outras guardámos da mesma forma como guardamos as memórias", referiu.

Ana Perfeito apontou como exemplo a música original do espetáculo que "Chico Pires foi construindo ao longo dos ensaios".

"Tem sido divertidíssimo. Se nós nos divertimos, certamente que estamos a transmitir essa energia ao público. Ficamos muito felizes com isso", disse a atriz.

A peça, que integra o programa comemorativo dos 30 anos do Teatro do Noroeste -- CDV, "marca o regresso do público escolar ao teatro municipal Sá de Miranda, o que não acontecia desde 2020".

A Câmara de Viana do Castelo "assegura o transporte de mais de cinco mil crianças da educação pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico do concelho".

O espetáculo vai estar em cena até 19 de março, com sessões para público escolar de quarta a sexta-feira, às 09:30 e às 11:30, sendo que haverá duas sessões para público em geral e famílias, nos sábados de 26 de fevereiro e 19 de março, às 17:00.

No final de cada sessão para público em geral, o serviço educativo do Teatro do Noroeste -- Centro Dramático de Viana organiza atividades complementares direcionadas para os mais pequenos, no café-concerto do teatro.

O preço dos bilhetes varia entre os quatro e os 10 euros e podem ser adquiridos na bilheteira do teatro municipal Sá de Miranda e na BOL -- Bilheteira 'Online'.

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