"Não sei se posso desejar-lhe um feliz ano" dá título a esta mostra, com curadoria de Adelaide Duarte, revelando publicamente, pela primeira vez, "um conjunto de artistas referenciais desta coleção particular" do galerista Mário Teixeira da Silva, criada ao longo de cinquenta anos, segundo o museu.
O título escolhido para a exposição remete para a obra exposta "Não sei...", de Jimmie Durham, "sendo o seu caráter enigmático um elo de ligação desta coleção de obras com cronologia alargada e distintas tipologias artísticas", explicita, em comunicado enviado à agência Lusa, o Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC-MC).
A exposição está organizada em quatro eixos principais e um ´Cabinet D'Amateur´, incluindo o núcleo "Ideia e Experimentação", a reunir obras de artistas de matriz conceptual, como Helena Almeida, Alberto Carneiro, Julião Sarmento, Bernd e Hilla Becher, Hamish Fulton, Jochen Gerz e Christopher Wool.
Em "Abstração e Matéria" encontram-se obras que questionam forma, cor e matéria de autores como Peter Halley, João Jacinto, Eduardo Vianna, Pedro Casqueiro, Jonathan Lasker, Franz Erhard Walther, Adriana Varejão ou Allan McCollum.
"Paisagem e Narrativa" é um núcleo que agrega "trabalhos indagadores do tema do espaço natural, o tratamento dos espaços interiores, a arquitetura, a figuração narrativa e sígnica", como acontece em obras de criadores como Beatriz Milhazes, Paula Rego, Joaquim Rodrigo, Gonçalo Mabunda, Silva Porto, Candida Höfer e Wolfgang Tillmans.
No núcleo "Corpo e Representação" são coligidas peças que abordam a representação do corpo e a sua ausência, com artistas como Henrique Pousão, Zhang Huan, Thomas Ruff, Aurélia de Sousa, Lourdes Castro, Sue Williams, Nan Goldin ou Erwin Wurm.
O percurso encerra com uma evocação de um ´Cabinet d'Amateur´, em que se apresentam obras do ambiente privado do colecionador.
Na sequência do ciclo "Colecionar Arte", promovido pela direção dos Amigos do MNAC-MC, na qual Mário Teixeira da Silva participou, em 2017, com moderação de Adelaide Duarte, surgiu a ideia de expor a coleção que nunca fora mostrada no país.
A atual direção do MNAC-MC "acarinhou a proposta e conseguiu reunir as condições para esta primeira apresentação pública da coleção Mário Teixeira da Silva, em Portugal", sublinha o museu, no comunicado.
Esta coleção privada é descrita como "muito diversificada, na sua representatividade de autores e de media utilizados, apresenta grupos de obras de grande relevância no domínio da arte moderna e contemporânea, portuguesa e internacional, incluindo ainda elementos de arte conhecida como tribal, e é de destacar também o importante núcleo de fotografia".
"Mário Teixeira da Silva é colecionador ´amateur´ e um leitor compulsivo. Faz das suas viagens os seus ´momentos de liberdade´ para se deixar seduzir pelos objetos. Reuniu uma colec¸ão de arte contemporânea internacional, com um espetro artístico que vai muito além do seu trabalho galerístico", acrescenta o MNAC.
Licenciado em Engenharia Química pela Faculdade de Engenharia do Porto, em 1975, abriu o Módulo-Centro Difusor de Arte, inicialmente no Porto, e mais tarde em Lisboa, galeria dedicada às novas tendências na arte contemporânea, "que mantém, até hoje, e desde há quase cinco décadas, a mesma persistente e coerente linha de trabalho".
Adelaide Duarte, curadora da exposição, e vice-presidente da associação Os Amigos do MNAC-MC, é investigadora no Instituto de História da Arte e professora no Departamento de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e coordena a pós-graduação em Mercado da Arte e Colecionismo na mesma faculdade.
A exposição contará ainda com a publicação de um catálogo bilingue, realizada em parceria com a Documenta, que incluirá, além dos textos de Emília Ferreira, diretora do museu, e de Adelaide Duarte, outros da autoria de Mário Teixeira da Silva, Sérgio Mah e João Pinharanda.
A exposição "Não sei se posso desejar-lhe um feliz ano" vai ser inaugurada no dia 13 de abril, às 19:00, e ficará patente no MNAC-MC até 28 de agosto.
Leia Também: Centenário da morte de Aurélia de Souza junta sete entidades