O álbum, que o compositor sublinha ser "100% de produção nacional", foi gravado por um grupo de 20 músicos portugueses, entre os quais os violoncelistas Filipe Quaresma e Marco Pereira, os clarinetistas Nuno Silva e Nuno Pinto, o flautista Nuno Inácio e os violinistas Ana Pereira e André Gaio Pereira.
"Alepo e outros Silêncios" é apresentado no próximo dia 17, às 19:00, no auditório da Fundação Oriente, em Lisboa, pelo musicólogo Rui Vieira Nery. Nesta sessão será escutada a peça que abre o alinhamento, "Alepo" (2019), pelos músicos Nuno Silva, José Pereira (violino) e João Casimiro (piano).
A compositora britânica Nicola LeFanu, autora do texto que acompanha este álbum, realça "as excelentes interpretações".
O álbum é constituído por "Aleppo", um trio com piano, e "Lugares Esquecidos", um quarteto com piano escrito 20 anos antes, e inclui ainda produção mais recente do compositor, como "Prolonging" (2021).
Nicola LeFanu refere-se a Luís Tinoco como "um dos principais compositores europeus", pela "sua linguagem musical forte e assertiva, conquanto permaneça sempre acessível".
Sobre as seis peças que constituem este álbum, a compositora britânica afirma que "os ouvintes irão encontrar um grande deleite na imagética musical vívida e de amplo espetro de Tinoco".
Sobre "Alepo" (2019), a compositora afirma que o compositor "criou uma música cuja escuta é uma experiência extremamente comovente".
"O timbre inesperado das cordas do piano friccionadas por cerdas de instrumento de arco cria bordões que sustentam melodias ornamentadas" e, "se estas remetem claramente para sonoridades do Próximo Oriente, já os bordões encerram uma ambiguidade que confere à peça a sua força, eles poderiam sugerir estabilidade, mas de facto sugerem ameaça"
Em "Dos ramos à raiz" (2020), LaFanu afirma que, "na poesia destes cinco breves andamentos, Tinoco exibe o seu gosto característico por espetros tímbricos alargados, mas trata-se na verdade de uma obra meditativa, com tanto de contemplativo quanto de atmosférico".
Sobre a peça "O Silêncio e as Pedras" (2010), a compositora realça que, "aqui, a gama de texturas e de timbres é reforçada pelo som real de pedras e pela eletrónica; mas sob essa superfície sedutora, são discerníveis meditações sobre memórias distantes".
Outra peça, "Prolonging (2021), para violoncelo solo, e "Spiraling" (2020), para dois vibrafones, estreada no Festival da Póvoa de Varzim desse ano, "têm uma simplicidade desarmante e, contudo, ilusória", escreve LaFanu, referindo que "também aqui estamos perante obras de consumada mestria, revelando sempre algo novo a cada (nova) audição".
"Tinoco aborda temas sérios, mas também sabe ser lúdico. A sua fértil imaginação, domínio técnico e ouvido aventuroso permitem-lhe conjurar (para nós) mundos sonoros mágicos", remata a compositora britânica.
O compositor Luís Tinoco foi distinguido este ano com o Prémio de Composição DSCH--Schostakovich Ensemble, na sua primeira edição, sendo "reconhecido nacional e internacionalmente como um dos compositores portugueses mais relevantes da atualidade", divulgou então a entidade promotora.
Luís Tinoco tem frequentemente visto as suas obras serem estreadas além-fronteiras, por orquestras internacionais.
Em 2014, "FrisLand" foi estreada pela Sinfónica de Seattle, num concerto dirigido pelo maestro francês Ludovic Morlot. Na temporada de 2008, a Orquestra Sinfónica de Chicago escolheu uma nova versão de "Short cuts", do compositor português, para o seu repertório.
"Mare Tranquilitatis", "From the depth of distance", "Tracing the Memory" e o Concerto para trompa são algumas das suas obras, escolhidas por algumas das mais conhecidas orquestras mundiais, além-fronteiras.
Luís Tinoco é professor da Escola Superior de Música de Lisboa, diretor artístico do Prémio Jovens Músicos e, desde 2005, a sua música é publicada no Reino Unido pela University of York Music Press.
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