"São mulheres que vivem à margem da sociedade, fechadas nas suas comunidades, em contexto de invisibilidade, silenciadas, que não têm muito acesso a atividades culturais", especificou a artista Ana Vitória, que dá corpo à 'performance'.
Em declarações à agência Lusa, a autora e intérprete referiu que as residências artísticas procuraram "sensibilizar, falar das memórias matrilineares, memórias afetivas que essas mulheres ainda carregam nos seus corpos, nas suas vidas e no seu quotidiano".
"Esses trabalhos permitiram recolher testemunhos importantes dessas mulheres em comunidades piscatórias de Vila do Conde, ciganas no Algarve, resultando esses relatos na 'performance' que tem estreia absoluta na cidade de Faro", sublinhou Ana Vitória.
Na 'performance', com primeira apresentação marcada para o Teatro das Figuras, Ana Vitória coloca-se na "encruzilhada dessas vivências e memórias, dando corpo e voz na busca de recuperar o desamparo ancestral dessas cadeias matrilineares".
A instalação performática 'Encruzilhada', apresentada no saguão principal do teatro, "será montada com carvão, matéria-prima que tem toda uma relação com o imaginário feminino, a relação com a cozinha e toda a alquimia que a mulher tem de transformação", indicou a artista.
"Além do carvão, a instalação é composta por vários objetos que vou recolhendo em feiras de antiguidades a partir dos relatos dessas mulheres", sublinhou.
Segundo Ana Vitória, os objetos "muito antigos, vão desde fotografias a lenços, bordados a outros como a gaze cirúrgica, uma matéria-prima além do carvão que está relacionada com a ideia do curativo, de curar o desafeto dessas memórias e lembranças".
Depois da estreia, no dia 24 de maio, no Teatro das Figuras, integrada no Motus - Festival Internacional de Performance Arte de Faro, a 'performance' será apresentada em setembro no Espaço Cultural das Mercês, em Lisboa.
Leia Também: Digressão de Elida Almeida inclui concertos em Lisboa e Setúbal em junho