A edição 2022 do festival, que acontece em noites de lua cheia, tem como objetivo "colocar a arte em diálogo com o espaço e a comunidade rural" e decorre entre segunda-feira e o dia 17 de julho, no Centro Recreativo e Cultural de Benagouro, na freguesia de Vilarinho de Samardã, no concelho de Vila Real.
Este é também o novo espaço de criação artística da companhia Peripécia Teatro, que continua sediada na antiga escola primária da aldeia de Coêdo.
"Este novo espaço vai-nos permitir finalizar um espetáculo do princípio ao fim. Ou seja, nós poderemos aqui, inclusivamente, estrear um espetáculo, com a sua iluminação, cenário, adereços e passar, daqui, para um teatro", afirmou à agência Lusa Sérgio Agostinho, fundador e codiretor artístico da Peripécia.
A inauguração do novo espaço coincide com o primeiro dia do Lua Cheia -- Arte na Aldeia, um festival que, segundo Sérgio Agostinho, surgiu da necessidade de a companhia abrir as portas para a comunidade.
"De mostrar aquilo que fazemos, sentia que estávamos muito escondidos e, desta nossa vontade e conseguindo financiamento para tal, iniciámos em 2014 este ciclo que tem como objetivo mostrar às pessoas o que estes artistas andam a fazer e dar-lhes oportunidade de também vivenciarem o que é um espetáculo de teatro, dança ou cinema", explicou.
O programa da edição deste ano inclui a apresentação de cinco espetáculos de teatro, da Peripécia e companhias convidadas, ainda uma sessão de cinema, e a estreia da reportagem 'Fabricar uma Peça', do realizador Ramón de Los Santos, que dá a conhecer os bastidores da criação, produção e encenação de um espetáculo de teatro.
O evento conta, ainda, com a inauguração da obra 'O Mapa', da artista Paula Magalhães, que 'coloca a fotografia a dialogar com as memórias de um território, de uma época, de uma cultura e de um lugar social das pessoas, nomeadamente as que habitam em Benagouro.
A Peripécia vai apresentar o espetáculo 'A Peça (Em 4 Turnos)' no segundo dia do festival.
Esta que é a mais recente produção da companhia conta a história de um grupo de operários que decide formar um grupo de teatro amador, prestando, desta forma, uma homenagem a todos os que fazem teatro, em especial aos atores amadores.
Trata-se de uma coprodução com o Teatro de Vila Real, inspirada em factos reais e que faz uma viagem aos anos 80 do século passado para descobrir a história de operários que queriam fazer teatro.
O espaço de ação escolhido é Vale de Saramagos, 1984, um lugar imaginário onde os operários Arantxa, Lurdinhas, Amaral, Quim e Fonseca decidem formar um grupo de teatro amador porque no teatro podem ser o que quiserem.
"A homenagem é feita através do documentário e da peça também. É uma peça que também reflete um pouco na nossa atitude enquanto artistas da Peripécia. Os seus fundadores começaram a fazer teatro em grupos amadores e a, partir daí, foram desenvolvendo o seu trabalho", salientou.
Para Sérgio Agostinho, esta é "uma homenagem mais do que merecida" e, na sua opinião, "é uma pena que este movimento do teatro amador, a nível nacional, não seja muito consistente" porque é "uma escola de possíveis atores profissionais" e é, também, "uma excelente escola de espetadores".
O programa do festival inclui ainda a apresentação do documentário 'Operário Amador', do poema 'Operário em Construção', também produzido pela Peripécia, que leva ainda ao palco o espetáculo '13', que propõe uma reflexão sobre a "suposta missão espiritual" da Igreja Católica.
Pelo Festival Lua Cheia -- Arte na Aldeia vão, ainda, passar as companhias nacionais Chão de Oliva, com o espetáculo 'Sopa de Pedra', Este, com a peça 'Sou Eu', e O Bando, com 'Futebol'.
Leia Também: 'Artes de Rua' anima Vila Real com 15 espetáculos gratuitos