A 'doninha' está de volta, e de que maneira. Os Da Weasel reuniram-se para um concerto exclusivo naquele que foi o último de quatro dias do festival NOS Alive’22, fazendo o Passeio Marítimo de Algés vibrar num sábado tórrido. Mas não foram os únicos. Após dois anos de interrupção devido à pandemia, o adeus ao festival teve de tudo, e para todos os gostos.
As seis grandes caras da banda de hip hop portuguesa – Jay, Pacman (que o público conhece, agora, como Carlão), Virgul, Guilhas, Quaresma e DJ Glue – voltaram a pisar os palcos ao fim de 12 anos, regressando ao Passeio Marítimo de Algés pela segunda vez, depois de, em 2007, terem inaugurado o festival, na sua primeira edição.
Contudo, antes do grande retorno, os festivaleiros foram brindados com o documentário ‘Da Weasel: Agora e para sempre’, da autoria de Bruno Martins, da Antena 3, no qual os seis elementos revisitaram episódios marcantes da sua carreira, que nasceu no início dos anos 1990, em Almada. As suas histórias ganharam vida através das ilustrações de António Piedade, num momento que fez as delícias dos fãs.
‘Loja’ inaugurou a entrada em palco, marcada por um jogo de luzes que levou a multidão ao rubro. Os sorrisos rasgados, tanto do público, como da banda, eram evidentes, à medida que a noite avançava com ritmos já bem conhecidos dos portugueses, numa noite em que os festivaleiros foram transportados até 1997, com ‘Nunca me Deixes’, e até mesmo a andar de ‘Carrosel’. Os grande êxitos ‘Dialetos de Ternura’ e ‘Re-tratamento’ não podiam faltar e, apesar dos “pregos”, como disse Virgul, a multidão não desmoronou.
“Sabem porque é que estamos a dar alguns pregos? É porque temos cá os nossos filhos. Eles antes não existiam. Obrigado por proporcionarem-nos isto”, adiantou.
Do outro lado do recinto, a norte-americana Phoebe Bridgers trouxe toda a melancolia a que já nos habituou. Na sua estreia em Portugal, a estrela em ascensão do indie rock teve concorrência pesada dos Da Weasel, que ainda atuavam quando pisou o Palco Heineken. Ainda assim, isso não desmotivou os fãs, que marcaram presença em força, cantando em alto e bom som quase todos os temas interpretados pela artista.
‘Motion Sickness’, ‘Garden Song’ e até mesmo ‘Kyoto’, dedicada aos pais na plateia, meteram os fãs a gritar, que ‘sacaram’ das lanternas dos telemóveis ao som de ‘Punisher’.
“É muito bom estar longe de casa, mas sinto ‘culpa de sobrevivente’ por estar longe enquanto os Estados Unidos estão a ‘c*gar a cama’”, disse Phoebe, numa referência à anulação ao direito ao aborto por parte do Supremo Tribunal. A cantora tem sido uma das vozes a partilhar a sua experiência, revelando ter realizado o procedimento em outubro passado.
O momento da catarse chegou com ‘I Know the End’, um tema de ambiente apocalíptico que ditou o fim da estreia da artista e dos seus ‘esqueletos’ em Portugal.
“Foi uma ótima primeira atuação aqui. Obrigada pela receção calorosa”, agradeceu, enquanto a plateia delirava.
As irmãs HAIM também marcaram presença no Palco NOS, naquela que foi a sua terceira vinda a Portugal e a sua estreia no festival. Este, Danielle e Alana Haim fizeram, durante cerca de uma hora, uma mostra do seu (grande) talento musical, numa transição fluida entre percussão, guitarras, e até bombos.
A banda norte-americana de indie rock interpretou, com toda a energia e as caretas características de Este, temas como ‘Now I’m in It’, ‘Want You Back’, e ‘The Wire’, mas até mesmo a “favorita” de Danielle, ‘Gasoline’.
“Não vimos aqui há tanto tempo. É tão bom ver as vossas caras. É sábado, não têm desculpa para não enlouquecer”, alertou Alana – e o público ouviu.
O 'terramoto' e a dedicação à Ucrânia
A noite já estava cerrada quando os norte-americanos Imagine Dragons tomaram o Palco NOS, com direito a confettis e a pirotecnia. ‘It’s Time’ foi a primeira canção a ecoar no recinto, mas foi em ‘Believer’ que a multidão, composta por miúdos e graúdos, não conteve o entusiasmo. Os êxitos ‘Thunder’, ‘Natural’, ‘Whatever It Takes’, ‘Enemy, e ‘Demons’ fizeram a multidão vibrar, entre momentos de conversa e de inspiração.
“Vocês são fantásticos. Posso levar-vos comigo para Las Vegas? Esta foi uma noite muito especial. Continuaremos a voltar até vocês nos quererem”, assegurou Dan Reynolds.
Mas, antes do ‘terramoto’ ‘Radioactive’, que deu por terminada a atuação, a banda pop rock dedicou ‘Forever Young’, dos Alphaville, à Ucrânia.
“Esta música é dedicada ao povo na Ucrânia. Não se esqueçam que há crianças a morrer, que há guerra em 2022. Para as pessoas na Ucrânia, que haja paz”, apelou Reynolds, com a bandeira daquele país em punho.
O clima de festa e de animação não se ficou por aqui. Depois dos Imagine Dragons, coube aos Two Door Cinema Club a tarefa monumental de encerrar o Palco NOS. Os (ainda muitos) resistentes foram brindados com um espetáculo de luzes e cores, naquela que foi a oitava atuação da banda da Irlanda do Norte em Portugal, e a terceira no festival.
‘I Can Talk’ abriu um final de noite marcado pelos sorrisos transmitidos nos ecrãs, apesar do cansaço evidente depois do ‘terramoto’. A banda interpretou ainda ‘Bad Decisions’, ‘Sun’, e ‘Something Good Can Work’, numa atuação que culminou com o tema mais conhecido, ‘What You Know’. E assim se passou “o melhor regresso de sempre”.
Neste último dia da sua 14.ª edição, o NOS Alive acolheu ainda, com lotação esgotada, Mother Mother, Caribou, Parcels, Manel Cruz, DJ Vibe, Salvador Martinha, Marco Rodrigues, Cintia, e Russa, entre muitos outros.
O festival, que ficou marcado pelas atuações de cerca de 165 artistas, na presença de 210 mil pessoas, contou com concertos repartidos por sete palcos, a começar no pórtico de entrada dos espetadores, passando ainda por um coreto, um palco dedicado à comédia, outro à música eletrónica e, por fim, o grande palco, com os cabeças-de-cartaz.
A 15.ª edição do NOS Alive regressa nos dias 6 a 8 de julho de 2023, no mesmo local.
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