O espetáculo "foi pensado como uma sátira e de alguma forma acaba por encapsular todos os espetáculos que tenho feito, já que reúne muitas temáticas e muitas pessoas de trabalhos anteriores", disse à agência Lusa Mário Coelho, autor do texto e da encenação.
A peça fala de uma empresa, num futuro não assim tão distante, até porque o autor descobriu recentemente "tratar-se de algo que já existe no Japão", que contrata pessoas para se fazerem passar por aquilo que o cliente desejar.
Nesta empresa existe apenas uma regra: a partir do momento em que o trabalho seja aceite o contrato não pode ser violado exceto se a vida do contratado for posta em risco.
'Se te portares bem, vamos ao McDonald's' acaba "por ser quase um paralelismo com o próprio trabalho de ator", acrescentou.
Segundo o autor, o espetáculo segue uma personagem - a protagonista, interpretada por Rita Rocha Silva -, que é uma trabalhadora nova naquela empresa, mas que é "quase considerada" a estrela.
A protagonista é então chamada para estar junto de uma família, durante uma semana, onde desempenhará o papel de uma criança de 7 anos, que morrera há pouco tempo com leucemia.
Ao longo de uma semana, Rita Rocha Silva vai-se assumindo como a criança ao mesmo tempo que o público vai assistindo a um espetáculo "com várias camadas, mas que no final acaba quase de forma circular", referiu Mário Coelho.
O objetivo da mãe - e cliente - foi que se criasse um novo "elemento de união numa família completamente destruída pela morte de uma criança".
As dinâmicas e algumas discussões familiares acabam por decorrer da contratação da mãe a uma pessoa que se faça passar por sua filha.
Galardoado, em 2021, com o Prémio Revelação Agias Teatro Nacional D. Maria II, Mário Coelho estreia-se agora no Teatro do Bairro Alto, num espetáculo ficcional sobre uma empresa de substitutos humanos cujo texto será editado na coleção Livrinhos do Teatro dos Artistas Unidos.
A interpretar estão também Cleo Diára, Inês Vaz, Mariana Guarda, Mariana Pacheco de Medeiros e Pedro Baptista.
A cenografia é de Joana Subtil, o desenho de luz de Manuel Abrantes e o vídeo de Mário Coelho e da Temper Creative Agency.
Coproduzido pelo Festival Temps D'Images e Teatro do Bairro Alto, o espetáculo estará em cena até 30 de outubro, com sessões à quinta, sexta-feira e sábado, às 19:30, e, ao domingo, às 17:30.
No dia 28 a sessão terá legendagem em inglês e, no dia seguinte, terá audiodescrição e interpretação em Língua Gestual Portuguesa.
No final da récita de dia 29 haverá uma conversa com os atores que será moderada por José Maria Vieira Mendes.
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