'South Circular' é mostrado na sessão 'Unsettled Grounds', a primeira de várias, que incluem exibições de filmes, conversas e oficinas, organizadas pelo Monangambee, em Lagos, e o Instituto de Arte Contemporânea, em Londres, com o apoio do British Council, de acordo com informação disponível no 'site' oficial daquele "microcinema pan-africano nómada".
Este projeto, "motivado pelo trabalho de John Akomfrah na Bienal de Veneza de 2024, 'Listening All Night to the Rain', envolve artistas de ascendência africana e da diáspora".
Na sexta-feira, além de 'South Circular', de Mónica de Miranda, serão também apresentados 'Guardian Angel', de Olukemi Lijadu, 'Lagos Island', 'Makoko Sawmill' e 'Plateau', de Karimah Ashadu.
Trata-se de trabalhos "focados na paisagem, que refletem sobre o trabalho, a ecologia e as consequências do colonialismo em Portugal, na Nigéria e no Reino Unido".
"Parte filme, parte instalação, cada obra introduz um tipo de abordagem arquitetónica ao cinema, que se deleita em expor a fisicalidade do ato de filmar e do aparato da câmara, bem como os fundamentos incertos sobre os quais se sustentam", lê-se no 'site'.
'South Circular' é uma narrativa entre realidade e ficção, que "traça, como uma pesquisa arqueológica, a paisagem da antiga Estrada Militar de Lisboa".
"Construída em redor da cidade no século XIX para proteger Lisboa das invasões francesas e inglesas, a estrada desapareceu parcialmente. Nas suas ruínas, vários imigrantes, muitos africanos, impedidos de entrar no coração da cidade, vivem na periferia, no limbo da vida urbana", recorda.
Utilizando desenho, instalação, fotografia, vídeo e som, o trabalho de Mónica de Miranda é baseado em temas de arqueologia urbana e geografia pessoal.
Cofundadora do Hangar (Centro de Investigação Artística), em Lisboa, Mónica de Miranda foi nomeada em 2019 para o Prémio EDP Novos Artistas e, em 2014, para o Prémio Novo Banco de Fotografia.
Recentemente, foi contemplada com uma bolsa Soros Arts 2023, "prémio proeminente que apoia arte socialmente engajada", da rede internacional de filantropia Open Society Foundations.
A obra de Mónica de Miranda está representada em várias coleções, tanto públicas como privadas, entre as quais a Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu Nacional de Arte Contemporânea, a Nesr Art Foundation e o Arquivo Municipal de Lisboa.
Em 2024, representou oficialmente Portugal na 60.ª Bienal de Arte de Veneza, com o projeto artístico 'Greenhouse', que partilha com Sónia Vaz Borges e Vânia Gala.
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