As datas de encerramento e reabertura foram anunciadas hoje pela presidente do conselho de administração do Organismo de Produção Artística (Opart), que gere também o Teatro Nacional de São Carlos, Conceição Amaral, durante a apresentação do projeto de requalificação e modernização daquele teatro situado no Parque das Nações.
De acordo com Conceição Amaral, durante o encerramento do Teatro Camões, a CNB ficará sediada nos Estúdios Victor Cordon e, a partir de setembro, as equipas técnicas e de suporte serão temporariamente integradas no Teatro Nacional de São Carlos.
Embora esteja encerrado ao público entre julho deste ano e abril de 2024, segundo Conceição Amaral, em alguns períodos haverá equipas a trabalhar no edifício.
As obras no Teatro Camões têm um "investimento com o valor global de 5.894.175 euros", verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A intervenção inclui, entre outros, "a requalificação geral da cobertura, fachadas laterais e tardoz", "a instalação de rampa para evacuação de pessoas com mobilidade condicionada", "a construção de sala de recuperação física para bailarinos" e "a requalificação dos bastidores".
O concurso público da empreitada geral de requalificação, que seguirá um projeto do atelier de arquitetura Risco, o mesmo que projetou o edifício, será lançado em março.
No período em que o Teatro Camões estiver encerrado ao público, a Companhia Nacional de Bailado vai "viajar pelo país, de lés a lés".
De acordo com o diretor artístico da CNB, Carlos Prado, serão "cinco meses de itinerância".
"Em 04 de junho temos o último espetáculo no Teatro Camões antes das obras e, a partir daí, vamos andar pelo país", realçou.
Além de espetáculos, a CNB irá também organizar ateliês de dança, em cidades como Coimbra, Porto, Faro ou Funchal, além de continuar com o projeto "Masterclasses", em curso desde março de 2022, e que, segundo Carlos Prado, já abrangeu 941 alunos.
O diretor artístico da CNB salientou que este será "um grande esforço para a companhia, que não está vocacionada para ser de itinerância e precisa de ter um espaço para ensaiar e apresentar programação". No entanto, "é um desafio interessante e o importante é que a CNB se mantenha no ativo a trabalhar".
"Em janeiro de 2024 voltamos ao Teatro [Camões], para preparar um magnífico programa para reabertura de um belíssimo teatro", contou.
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, conta que a reabilitação do Teatro Camões "seja um novo capítulo, um capítulo derradeiro" na história daquele equipamento cultural, "que nasceu com a Expo'98 para ser temporário, tornou-se permanente com outro fim, que nunca concretizou", ser sede de uma orquestra, "para depois ser ocupado pela CNB".
"Espero, na reabertura, que este teatro seja finalmente a casa da Dança, o teatro da Dança. Uma casa que ofereça previsibilidade e condições de trabalho adequadas e dignas, para todos, bailarinos, mas também responsáveis pelo guarda-roupa, comunicação e toda a equipa técnica", afirmou.
Pedro Adão e Silva espera que a itinerância da CNB, à semelhança da do Teatro Nacional D. Maria II ou da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, "instigue mais pessoas a interessar-se pelas Artes e estimule mais jovens a iniciarem práticas artísticas".
O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é um mecanismo de financiamento, de âmbito europeu, para ser aplicado em reformas estruturais em resposta à crise pandémica provocada pela covid-19.
O PRR para a área da Cultura tem uma dotação global de 243 milhões de euros (ME), dos quais 150 ME dizem respeito ao Património Cultural e 93 ME serão aplicados em Redes Culturais e na Transição Digital.
A componente do Património Cultural do PRR visa intervenções em 49 instituições de "requalificação prioritária", e prevê ainda a instalação do Centro Tecnológico do Saber Fazer e dos Laboratórios do Saber Fazer, no contexto da estratégia para as artes e ofícios tradicionais.
Na área da transição digital, abrange a instalação do Arquivo Nacional do Som, a aquisição de equipamento de projeção digital, para 155 cineteatros e centros públicos de arte contemporânea, e a modernização tecnológica dos laboratórios de conservação e restauro do Estado, incluindo o Arquivo Nacional da Imagem em Movimento, da Cinemateca Portuguesa.
A compra de novos equipamentos informáticos e sistemas de informação, para 239 bibliotecas públicas, a constituição de bibliotecas itinerantes 'online', a digitalização de acervos, o apoio à tradução de obras literárias, à edição de 'audiobooks' e 'ebooks', à modernização e transição digital das livrarias e à criação da Plataforma de Empréstimo de Livros Eletrónicos são outras medidas previstas.
[Notícia atualizada às 20h53]
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